Saudade
Por que, do que?
Do tempo que passou?
De alguém que ficou?
Do que perdi, não toquei?
Do que fugiu, que morreu?
Saudade,
Inutilidade
Ligada a ilusão de deter
O fluxo do rio
O ritmo da vida,
A des-razão na razão.
Saudade
Falsa criatividade
Imposta pela civilização
Observadora
Controladora
Do coração.
Saudade
Sensitividade
Que capta
a alegria do que se somou
a tristeza do que se deixou
Ficar no vazio do ar, do lar, do dar.
Saudade
De um lugar
Que está para lá
Do saber consciente
Limitante
Em que o cogito nos aprisionou.
Saudade
Frustrante
Que altera a saúde
De quem insiste
A cada instante
Em alterar o que já passou.
Cocais/2004
Heloisa Trad
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