sábado, 15 de setembro de 2012

Completude na solitude



Solitude,
solidão daquele que não se sente só 
porque esta em comunhão consigo mesmo
numa riqueza de sentimento que transborda
na paz, na alegria e na aceitação...
aceitação de si, integridade...
aceitação do outro, solidariedade...
aceitação da vida, divina sabedoria...

Solitude,
Oportunidade de no silêncio externo
Ouvir a si mesmo
Quem realmente se é
O que realmente se quer
E caminhar o caminho que escolhe
A cada passo, a cada momento
De um findar, de um recomeçar...

Solitude,
É um viver consciente
De que nascemos sós
De que morremos sós
Mas n’Ele temos o nosso ser
Numa plenitude infinita
Sem nenhuma dualidade
E sim pura serenidade...

Cocais, setembro/2012
Heloisa Trad

terça-feira, 3 de julho de 2012

Um olhar para ser




Olhei
Vi
Vivi
Registrei.

Compartilho esse olhar
Para que me conheça
Saiba do meu sonhar
Do meu desejo
De acontecer
De ser!

Olhei e vi
Vivi e aprendi
Sofri e amei
Cresci.

Compartilho esse existir
Para que se conheça
E busque sua verdade
Alimente seu desejo
Siga seu caminho
Ee viva a vida!
  
Cocais, julho/2012
Heloisa Trad

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ainda sabemos poetificar


Os anos não andam, voam.
E apesar do peso da idade,
Do cansaço da jornada,
Das tristezas vividas,
Ainda sabemos poetificar.

Nosso ritmo é que mudou.
Somos agora mais lentos,
mais desiludidos,
menos desejosos,
cheios de pseudo-sabedoria.

O corpo não acompanha a mente,
A mente esquece as rimas,
O pensamento não se adapta
Aos novos paradigmas.
E dizem-nos ser essa a Melhor Idade!

Não luto contra a correnteza.
Mas continuo a escrever versos,
Forma de usar as palavras
Que,  pelos mais jovens,
Já não são ouvidas.

Cocais, maio/2012
Heloisa Trad

terça-feira, 27 de março de 2012

Silêncio aterrador



Eu chego
Você sai
Eu falo
Você se cala
Um muro surge
Entre eu e você
Entre nós e o mundo
E só fica
O silêncio aterrador.

Um silêncio 

Uma solidão
Que não é de paz
É de desamor
De não aceitação
Do que você ingenuamente
Idealizou e se frustrou
Confrontado com o real
De quem na verdade eu sou

Cocais março/2012
Heloisa Trad

Questões existenciais



Nascemos desconhecendo
O que é saudade
O que é esperança
Respiramos
Abrimos os olhos
E nos movemos em direção
A sobrevivência do corpo
Impulsionados por instintos.

Nascemos sem questões
Indiferentes ao sermos mortais ou não
Se somos indivíduos ou humanidade
Ou se existe felicidade.
Só há a busca do peito da mãe
Regurgitando de satisfação
Bem alimentado e olhos fechados
Nem sonho sonhamos.

Nascemos e crescemos
E a dita sociedade
Nos desperta para mil questões
Acrescendo aos reles instintos
Muitas pulsões...
Angústias e ansiedades surgem
Descobrimos tristezas e decepções
Como seres frustrados e desejantes.

Nascemos e morremos
Sem ter as perguntas respondidas
Sem saber de onde viemos
E muito menos para onde vamos
Cansados da vida sem sentido
Sem consciência
Do porquê do nascer e do morrer
Apenas sonhamos um sonho.

Cocais, março/2012
Heloisa Trad

Declaração de amor



A minha finitude
A sua infinitude
Se intercambiando
- Grande satisfação -
Esse mergulhar em você
Me deixar envolver
Nessa carícia fria
que esquenta meu corpo
e acalenta meu coração

No azul sereno
Às vezes verde turbulento
Espumando um branco cristalino
Me dou conta de quem sou eu
Um ponto ínfimo
na grandeza do universo
desejosa de ser uma luz
nessa corrente de energia
denominada Deus

No seu leito me entrego
Ao sabor do vento
Embriagada pela maresia
E  pelo som das ondas
Quebrando nas pedras
Seja sob um céu claro
Ou uma noite escura
Sonhando um belo sonho
Vivendo de pura alegria
esse amor meu, o mar!

Cocais, março/2012
Heloisa Trad

domingo, 15 de janeiro de 2012

O meu fotografar



Vivo no interior, junto às montanhas,
num local onde a natureza impera
com toda sua grandeza e simplicidade.
Vivo com sérias  limitações físicas
que me impedem de alçar altos e/ou longos voos.

Então tenho aprendido a olhar a água,
a terra e o céu sob um clima geralmente frio,
muitas vezes nublado e, e no momento,
 com três meses de intermitentes chuvas.

Estou aprendendo a ver a beleza numa pedra,
num tronco de árvore,
numa rosa viçosa ou já fenecendo,
e ainda nos seus espinho defensores.

Estou aprendendo a beleza
de um pingo d’água na folha do inhame,
do reflexo do céu na poça d’água da rua
e não somente a dos belos mares
ou das cachoeiras paradisíacas.

Estou aprendendo a me encantar
com o musgo que brota nos muros
e com  sombras projetas no chão.
Estou, sobretudo, aprendendo a olhar e ver
com os meus próprios olhos...

Minha visão já  não tem um foco perfeito
como posso então retratar qualquer coisa
da forma pré-estabelecida pelos que ditam
as normas da “boa” fotografia?

Eu amo registrar o que capto,
mas, indo além da máquina,
só posso fazê-lo com o que eu sou
e então,  minha norma primeira
é a que está dentro do meu coração!

Cocais, janeiro/2012
Heloisa Trad

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Esta velha angústia



Esta velha angústia...
Tentar estar o que não sou
Tentar ser o que não sei
Tentar estar com quem não quero
Com quem não significa
Com o que não significa
Me inundando de cansaço
Me deixando um bagaço
Uma laranja chupada
Vazia, seca, sem energia
Sem sentido de aqui estar..

Até quando, me indago
E resposta não obtenho.
Será mais um dia,
Talvez menos um dia
Mas, com o peso de um ano.

Quero o infinito alcançar
Tendo o silêncio e solitude
A me acompanhar.
Se somos todos um,
Um quero estar...

Ah, se em 2012 fosse mesmo tudo acabar...
Todas as ilusões se desfazerem
E eu, enfim, parar de acordada ou dormindo
Ficar, inutilmente, sonhos a sonhar...

Cocais, janeiro/2012
Heloisa Trad