domingo, 26 de junho de 2011

Lembrança

Não sinto saudades de você
Tenho às vezes uma certa lembrança
Da minha inocência ao acreditar
Que eu amava você

Esse amor a você
Foi somente uma ilusão
Que por muito tempo insisti em manter
Até enfim perceber
Que não existe objeto de amor
Mas tão somente um estado de amor
Que eu sou...
independente de você!

Cocais, Junho/2011
Heloisa Trad

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Amor, uma interrogação

Quem é o amante?
Quem é amado?
O que é o amor?

Temos idéias a respeito do amor,
idéias sobre o que ele deve ou não deve ser,
um padrão,
um símbolo,
um código
criado pela cultura em que vivemos.

Amor, palavra carregada e corrompida
Que pode falar de
devoção extrema,
cuidado, caridade, afeição,
carinho, amizade, atenção,
simpatia, ternura, compaixão.

O amor é pessoal ou impessoal?
Moral ou imoral?
Familial ou não familial?
Emoção ou sentimento ?
Realidade ou idealização?

O amor é para um só e não para muitos?
Se digo "amo-te", isso exclui o amor ao outro?
Amar a humanidade, permite amar o individuo?

Poderá a mente encontrar o amor
sem precisar de disciplina,
de pensamento,
de coerção,
de nenhum livro,
instrutor, guia ou convenção?
Encontrá-lo como se encontra
no horizonte um belo por-de-sol?

Cocais, junho/2011
Heloisa Trad

Verde que te quero verde

www.olhares.com/heloisacarrio

Capim verde
Mar verde
Da fé no amanhã
Neste hoje outonal

Seus olhos verdes
Me olham verde
Percorrem os campos
E sonham cheio de esperança

A bandeira verde
Tremula dando permissão
Eu passo, eu sigo
De volta a estação

Estação das chuvas
Água que corre
Para o verde rio
A espera do amadurecer

Ver(de) perto eu quero
Amadurecendo à força
Ver te espero
Verde te quero

Cocais, junho/2011
Heloisa Carrió

Pra que?

www.olhares.com/heloisacarrio

O tempo passou, a velhice chegou
o fogo apagou deixando nas cinzas
histórias vividas e não vividas,
esperanças e desesperanças
que se foram, que ainda surgem,
nesse viver de altos e baixos
de que a vida é feita...

A imagem que então se vê no espelho
desgastada pelo sol e pelas lágrimas
não é a construída pelo ideal do ego.
É o mapa do trajeto percorrido,
do cansaço acumulado,
das dores do corpo e da psiquê,
de quem já não corre atrás do desejo,
a partir da angustiante pergunta:
- pra quê?!

Heloisa Trad
Cocais, junho/2011