domingo, 15 de janeiro de 2012

O meu fotografar



Vivo no interior, junto às montanhas,
num local onde a natureza impera
com toda sua grandeza e simplicidade.
Vivo com sérias  limitações físicas
que me impedem de alçar altos e/ou longos voos.

Então tenho aprendido a olhar a água,
a terra e o céu sob um clima geralmente frio,
muitas vezes nublado e, e no momento,
 com três meses de intermitentes chuvas.

Estou aprendendo a ver a beleza numa pedra,
num tronco de árvore,
numa rosa viçosa ou já fenecendo,
e ainda nos seus espinho defensores.

Estou aprendendo a beleza
de um pingo d’água na folha do inhame,
do reflexo do céu na poça d’água da rua
e não somente a dos belos mares
ou das cachoeiras paradisíacas.

Estou aprendendo a me encantar
com o musgo que brota nos muros
e com  sombras projetas no chão.
Estou, sobretudo, aprendendo a olhar e ver
com os meus próprios olhos...

Minha visão já  não tem um foco perfeito
como posso então retratar qualquer coisa
da forma pré-estabelecida pelos que ditam
as normas da “boa” fotografia?

Eu amo registrar o que capto,
mas, indo além da máquina,
só posso fazê-lo com o que eu sou
e então,  minha norma primeira
é a que está dentro do meu coração!

Cocais, janeiro/2012
Heloisa Trad

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Esta velha angústia



Esta velha angústia...
Tentar estar o que não sou
Tentar ser o que não sei
Tentar estar com quem não quero
Com quem não significa
Com o que não significa
Me inundando de cansaço
Me deixando um bagaço
Uma laranja chupada
Vazia, seca, sem energia
Sem sentido de aqui estar..

Até quando, me indago
E resposta não obtenho.
Será mais um dia,
Talvez menos um dia
Mas, com o peso de um ano.

Quero o infinito alcançar
Tendo o silêncio e solitude
A me acompanhar.
Se somos todos um,
Um quero estar...

Ah, se em 2012 fosse mesmo tudo acabar...
Todas as ilusões se desfazerem
E eu, enfim, parar de acordada ou dormindo
Ficar, inutilmente, sonhos a sonhar...

Cocais, janeiro/2012
Heloisa Trad