terça-feira, 27 de março de 2012

Silêncio aterrador



Eu chego
Você sai
Eu falo
Você se cala
Um muro surge
Entre eu e você
Entre nós e o mundo
E só fica
O silêncio aterrador.

Um silêncio 

Uma solidão
Que não é de paz
É de desamor
De não aceitação
Do que você ingenuamente
Idealizou e se frustrou
Confrontado com o real
De quem na verdade eu sou

Cocais março/2012
Heloisa Trad

Questões existenciais



Nascemos desconhecendo
O que é saudade
O que é esperança
Respiramos
Abrimos os olhos
E nos movemos em direção
A sobrevivência do corpo
Impulsionados por instintos.

Nascemos sem questões
Indiferentes ao sermos mortais ou não
Se somos indivíduos ou humanidade
Ou se existe felicidade.
Só há a busca do peito da mãe
Regurgitando de satisfação
Bem alimentado e olhos fechados
Nem sonho sonhamos.

Nascemos e crescemos
E a dita sociedade
Nos desperta para mil questões
Acrescendo aos reles instintos
Muitas pulsões...
Angústias e ansiedades surgem
Descobrimos tristezas e decepções
Como seres frustrados e desejantes.

Nascemos e morremos
Sem ter as perguntas respondidas
Sem saber de onde viemos
E muito menos para onde vamos
Cansados da vida sem sentido
Sem consciência
Do porquê do nascer e do morrer
Apenas sonhamos um sonho.

Cocais, março/2012
Heloisa Trad

Declaração de amor



A minha finitude
A sua infinitude
Se intercambiando
- Grande satisfação -
Esse mergulhar em você
Me deixar envolver
Nessa carícia fria
que esquenta meu corpo
e acalenta meu coração

No azul sereno
Às vezes verde turbulento
Espumando um branco cristalino
Me dou conta de quem sou eu
Um ponto ínfimo
na grandeza do universo
desejosa de ser uma luz
nessa corrente de energia
denominada Deus

No seu leito me entrego
Ao sabor do vento
Embriagada pela maresia
E  pelo som das ondas
Quebrando nas pedras
Seja sob um céu claro
Ou uma noite escura
Sonhando um belo sonho
Vivendo de pura alegria
esse amor meu, o mar!

Cocais, março/2012
Heloisa Trad