quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Vento


Vento vai
Vento vem
E não chega o meu bem

Vento forte
Traz a morte
Para o sem sorte

Com o vento
Coração bate
O cachorro late

A insônia chega
E a chuva passa
Não acho graça

Vento gela meu corpo
Sacode minha alma
Acaba com minha calma

Vento vai
Vento vem
E não chega o meu bem

Cocais, outubro/2011
Heloisa Trad

Estados do Ser


Num primeiro momento
Sobre o amor e a felicidade
Só me surge indagações...

Em seguida como num flash
Eu vejo que o Amor Sou Eu...
É Você...
Somos Nós!

O Amor é verbo
e quando me conscientizo de que Sou O Amor,
então posso afirmar também:
Eu Sou Feliz.

O Amor e Felicidade são Estados do SER! 

Cocais, agosto/2011
Heloisa Trad

Somente viver


Não tenho nada a dizer
àquele que tem todas as respostas,
todas as verdades,
todas as certezas...

Aquieto-me e silencio.
Como a água que corre
além dos obstáculos
me satisfaço em fluir...

Não sou a de um minuto atrás
não serei a mesma dentro de instantes.
Certezas e verdades são elucubrações
que vem e que vão...

Quero respirar,
apreciar o voo do beija-flor
e inalar aroma da flor
sentindo a brisa a me acariciar...

Daqui há pouco quem sabe
onde estará o meu olhar?
A minha mente como nuvens
que formato terá?

Sou o que não sou
mas não importa saber ou não
sobre ser ou não ser...
Porque saber não é viver!

Cocais, outubro/2011
Heloisa Trad

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Pouco importa


Posso mergulhar
na água salgada do mar,
na água doce do rio,
na lama sulforosa de Araxá
e continuar a mesma alma.

Posso ouvir Bach
ou o som do Nirvana,
a pregação de um pastor
ou silêncio reconfortador
que minha alma não mudará.

Posso dançar no carnaval,
peregrinar no caminho de Santiago,
comer carne vermelha
ou pétalas de rosas
que o meu ser será o mesmo.

Tudo são adereços,
enquadramentos, composições,
luz, sombra ou escuridão
em que transito... experencio...
e sigo sendo o que sou.

Para que conflitar
entre certo e errado
se tudo passará
deixando apenas a biografia
da personagem que vivi na peça da vida?
  
Cocais, outubro/2011
Heloisa Trad

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O que é um pênis?






Um cacete, um peru, um pinto,
Um pau, uma lança, uma espada, um  falo,
tantos nomes... para defini-lo
- um órgão com diferentes simbolizações.

O pênis, semeador de nova vida,
tem sido confundido com agressor
dominador que, subjuga, humilha
e usa a mulher como um objeto qualquer.

Na guerra tornou-se símbolo de poder
de  força e dominação, como uma arma
que perfura, penetra e fere.
E como tal passou a ser temido.

Não seria  ele apenas um pedaço de carne,
sem vida autônoma, excessivamente valorado
para além das suas funções orgânicas
de expelir urina e espermatozoide ?

As mulheres temem e desejam esse objeto de completude,
os homens idolatram e temem sua perda, a castração.
Todavia não precisa ser temido como aberração
ou idolatrado como instrumento de sedução.
Por que gera medo e tanta questão?

Ele é o “pintinho” quando quer aconchego
e  é “espada” na hora da conquista.
Sua imagem nos leva a muita imaginação
oscilante entre pornografia e arte,
despertando desejo de alguma realização!

Cocais, outubro/2011
Heloisa Trad


Fotógrafo: Theleskope, em olhares.aeiou.pt

Silencie


Não fale de suas angustias,
nem de suas tristezas
ou de suas inquietações.
O mundo não está preparado
para vê-lo e muito menos ouvi-lo.

Cale-se... Sorria...
Deixe parecer que está tudo bem,
que a dor não existe,
que o amor é tolice,
que sexo, cerveja e som
lhe é suficiente.

Silencie sobre
suas crenças, suas verdades
e seus anseios...
Tome um antidepressivo,
compre sapatos novos
e siga o seu caminho.

Cocais, outubro/2011
Heloisa Trad