domingo, 4 de dezembro de 2011

Água só água


Água que é vida
água que sou
água onde mergulho meu corpo
limpando minh'alma
retirando a máscara
em que o adormecer me jogou

Água que sou
água que verto
água em que vou
para na terra caminhar
até que ao meu verdadeiro lar
eu possa de novo voltar

Cocais, dezembro/2011
Heloisa Trad

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Para amar


Eu quero
Um afago, um sorriso, um beijo
Para matar meu desejo.
Eu quero
Ser um ser
Despreocupado e livre
Para não esperdiçar
Um minuto sequer
Do bom viver...
Como um pássaro a voar
Me elevando às alturas,
Com um peixe a nadar
Mergulhando em profundas águas,
Sentindo na terra,
As sensações do céu e do mar
Que alimentam meu eu
Sem medo, sem culpa,
Para prosseguir... a amar!

Cocais, novembro/2011
Heloisa Trad

É água


Não é mar
Não é rio
Não é lago
E nem tampouco chuva
Mas é água
Da torneira que jorra

Água
que me acaricia
Me alimenta
E me institui.

Cinco letras ...
Água e amor.

Água é amor
Que permeia
A vida na terra.

Sem água
É a seca
É a sede
É a morte
Minha, do planeta...
Fim da vida!

Cocais, novembro/2011
Heloisa Trad

Uso Criativo


Às vezes uso as palavras,
Outras as tintas,
Há momentos que são a luz,
Brinco com as cores, com as formas,
Expressando sentimentos, sensações,
Emoções, ações,
Buscando falar do indizível,
Chegar ao inatingível,
Conhecer os mistérios da vida,
As angústias do ser,
Entender o sucedido,
Antever o porvir,
Passar para o outro
Um pouco de mim!

Cocais, novembro/2011
Heloisa Trad

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Vento


Vento vai
Vento vem
E não chega o meu bem

Vento forte
Traz a morte
Para o sem sorte

Com o vento
Coração bate
O cachorro late

A insônia chega
E a chuva passa
Não acho graça

Vento gela meu corpo
Sacode minha alma
Acaba com minha calma

Vento vai
Vento vem
E não chega o meu bem

Cocais, outubro/2011
Heloisa Trad

Estados do Ser


Num primeiro momento
Sobre o amor e a felicidade
Só me surge indagações...

Em seguida como num flash
Eu vejo que o Amor Sou Eu...
É Você...
Somos Nós!

O Amor é verbo
e quando me conscientizo de que Sou O Amor,
então posso afirmar também:
Eu Sou Feliz.

O Amor e Felicidade são Estados do SER! 

Cocais, agosto/2011
Heloisa Trad

Somente viver


Não tenho nada a dizer
àquele que tem todas as respostas,
todas as verdades,
todas as certezas...

Aquieto-me e silencio.
Como a água que corre
além dos obstáculos
me satisfaço em fluir...

Não sou a de um minuto atrás
não serei a mesma dentro de instantes.
Certezas e verdades são elucubrações
que vem e que vão...

Quero respirar,
apreciar o voo do beija-flor
e inalar aroma da flor
sentindo a brisa a me acariciar...

Daqui há pouco quem sabe
onde estará o meu olhar?
A minha mente como nuvens
que formato terá?

Sou o que não sou
mas não importa saber ou não
sobre ser ou não ser...
Porque saber não é viver!

Cocais, outubro/2011
Heloisa Trad

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Pouco importa


Posso mergulhar
na água salgada do mar,
na água doce do rio,
na lama sulforosa de Araxá
e continuar a mesma alma.

Posso ouvir Bach
ou o som do Nirvana,
a pregação de um pastor
ou silêncio reconfortador
que minha alma não mudará.

Posso dançar no carnaval,
peregrinar no caminho de Santiago,
comer carne vermelha
ou pétalas de rosas
que o meu ser será o mesmo.

Tudo são adereços,
enquadramentos, composições,
luz, sombra ou escuridão
em que transito... experencio...
e sigo sendo o que sou.

Para que conflitar
entre certo e errado
se tudo passará
deixando apenas a biografia
da personagem que vivi na peça da vida?
  
Cocais, outubro/2011
Heloisa Trad

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O que é um pênis?






Um cacete, um peru, um pinto,
Um pau, uma lança, uma espada, um  falo,
tantos nomes... para defini-lo
- um órgão com diferentes simbolizações.

O pênis, semeador de nova vida,
tem sido confundido com agressor
dominador que, subjuga, humilha
e usa a mulher como um objeto qualquer.

Na guerra tornou-se símbolo de poder
de  força e dominação, como uma arma
que perfura, penetra e fere.
E como tal passou a ser temido.

Não seria  ele apenas um pedaço de carne,
sem vida autônoma, excessivamente valorado
para além das suas funções orgânicas
de expelir urina e espermatozoide ?

As mulheres temem e desejam esse objeto de completude,
os homens idolatram e temem sua perda, a castração.
Todavia não precisa ser temido como aberração
ou idolatrado como instrumento de sedução.
Por que gera medo e tanta questão?

Ele é o “pintinho” quando quer aconchego
e  é “espada” na hora da conquista.
Sua imagem nos leva a muita imaginação
oscilante entre pornografia e arte,
despertando desejo de alguma realização!

Cocais, outubro/2011
Heloisa Trad


Fotógrafo: Theleskope, em olhares.aeiou.pt

Silencie


Não fale de suas angustias,
nem de suas tristezas
ou de suas inquietações.
O mundo não está preparado
para vê-lo e muito menos ouvi-lo.

Cale-se... Sorria...
Deixe parecer que está tudo bem,
que a dor não existe,
que o amor é tolice,
que sexo, cerveja e som
lhe é suficiente.

Silencie sobre
suas crenças, suas verdades
e seus anseios...
Tome um antidepressivo,
compre sapatos novos
e siga o seu caminho.

Cocais, outubro/2011
Heloisa Trad

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sem razão alguma


Sem razão alguma
surge o botão de rosa
que se volta para o sol
e, lentamente, ela desabrocha
mostrando todo o seu esplendor!
Por algum tempo enfeitará o jardim
e, independente do sol iluminá-la ou não,
irá fenecer, morrer, desaparecer...
dela restando somente a lembrança
na mente de quem a apreciou
de quem soube aspirar seu perfume,
tocar na maciez de suas pétalas
e retratar sua cor.
Sei que não sou diferente da rosa.
Nasci sem razão alguma
e vou também fenecer
sem nem mais nem menos um porquê.
Mas, como a linda flor,
ficarei na memória de quem me amou.
Sei que só tenho o agora
mas posso nesse agora celebrar a vida
e por um breve tempo
ser o que sou!


Cocais, setembro/2011
Heloisa Trad

domingo, 26 de junho de 2011

Lembrança

Não sinto saudades de você
Tenho às vezes uma certa lembrança
Da minha inocência ao acreditar
Que eu amava você

Esse amor a você
Foi somente uma ilusão
Que por muito tempo insisti em manter
Até enfim perceber
Que não existe objeto de amor
Mas tão somente um estado de amor
Que eu sou...
independente de você!

Cocais, Junho/2011
Heloisa Trad

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Amor, uma interrogação

Quem é o amante?
Quem é amado?
O que é o amor?

Temos idéias a respeito do amor,
idéias sobre o que ele deve ou não deve ser,
um padrão,
um símbolo,
um código
criado pela cultura em que vivemos.

Amor, palavra carregada e corrompida
Que pode falar de
devoção extrema,
cuidado, caridade, afeição,
carinho, amizade, atenção,
simpatia, ternura, compaixão.

O amor é pessoal ou impessoal?
Moral ou imoral?
Familial ou não familial?
Emoção ou sentimento ?
Realidade ou idealização?

O amor é para um só e não para muitos?
Se digo "amo-te", isso exclui o amor ao outro?
Amar a humanidade, permite amar o individuo?

Poderá a mente encontrar o amor
sem precisar de disciplina,
de pensamento,
de coerção,
de nenhum livro,
instrutor, guia ou convenção?
Encontrá-lo como se encontra
no horizonte um belo por-de-sol?

Cocais, junho/2011
Heloisa Trad

Verde que te quero verde

www.olhares.com/heloisacarrio

Capim verde
Mar verde
Da fé no amanhã
Neste hoje outonal

Seus olhos verdes
Me olham verde
Percorrem os campos
E sonham cheio de esperança

A bandeira verde
Tremula dando permissão
Eu passo, eu sigo
De volta a estação

Estação das chuvas
Água que corre
Para o verde rio
A espera do amadurecer

Ver(de) perto eu quero
Amadurecendo à força
Ver te espero
Verde te quero

Cocais, junho/2011
Heloisa Carrió

Pra que?

www.olhares.com/heloisacarrio

O tempo passou, a velhice chegou
o fogo apagou deixando nas cinzas
histórias vividas e não vividas,
esperanças e desesperanças
que se foram, que ainda surgem,
nesse viver de altos e baixos
de que a vida é feita...

A imagem que então se vê no espelho
desgastada pelo sol e pelas lágrimas
não é a construída pelo ideal do ego.
É o mapa do trajeto percorrido,
do cansaço acumulado,
das dores do corpo e da psiquê,
de quem já não corre atrás do desejo,
a partir da angustiante pergunta:
- pra quê?!

Heloisa Trad
Cocais, junho/2011

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Maternidade fotográfica

www.olhares.com/heloisacarrio

Fotos são como filhos
tem defeitos mas são únicos,
fazem parte de nós
e nesse pertencimento
sofremos com a rejeição,
a eles imputada.

Como não percebem
as suas qualidades?
Como não veem a flor
no meio do lixo?
Como não sentem
a liberdade nas asas do beija-flor?

Pode estar um tanto desfocada...
mas e o êxtase que tive ao registrar
esse momento único?
Que vi, vivi e que quero partilhar,
falando assim um pouco de mim?

Viaje no meu olhar
e deixe que seu olhar abrace
esse instante fugaz de minha vida
que quero para sempre registrar
dizendo eu estive aqui!

Cocais, maio/2011
Heloisa Trad

terça-feira, 3 de maio de 2011

Demônios

 www.olhares.com/heloisacarrió

Os nossos demônios de mil nomes
temidos,
combatidos,
odiados,
mas necessários
como as trevas se contrapondo a luz,
como a noite se alternando ao dia
são partes do todo,
nos dão equilíbrio
ao circular no meio
dos paradoxos,
da dualidade,
da incerteza,
que gera isso ou aquilo,
bem ou mau,
bom ou ruim,
certo ou errado
- a mesma moeda –
cara e coroa,
que formam o nosso todo...
A des-ilusão,
substituição de “ou” por “e”
- a união -,
não seria essa aceitação?

Cocais, abril/2011
Heloisa Trad

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A alegria da solitude

 www.olhares.com/heloisacarrio
Solitude é solidão
daquele que não se sente ssozinho 
pois esta em comunhão consigo mesmo
numa riqueza interior que transborda
na paz, na alegria e na aceitação.

Integridade é o viver nesse estado
- um matrimônio alquímico -
onde deixo de ser metade
e me extasio como o meu Ser
numa satisfação ímpar.

Solitude é felicidade,
- sensação de completude -
de liberdade pela não dependência do outro,
podendo compartilhar ou não
de toda a alegria de apenas ser.

Cocais, abril/2011
Heloisa Trad

Eu e você

José Alves - http://br.olhares.com/Infer
http://br.olhares.com/frozen_foto4543961.html
Eu me amo em você!
Procuro me ver
No seu olhar atento
Que vasculha os confins
Desse perdido mundo,
Onde ninguém sabe a que vem
De onde vem
Até prosseguir para o além
Do tempo, do espaço,
Não mais separando eu e você
Findando com a busca insensata
Num poço de amor.
Você se ama em mim!

Cocais, abril/2011
Heloisa Trad

domingo, 20 de março de 2011

A-mar

Mar
Amar
O mar

Meu coração pulsa
Meus olhos brilham
As pernas bambeiam

Assim corro
Para em ti mergulhar
Meu mar...

Cocais, março/2011
Heloisa Trad

sexta-feira, 11 de março de 2011

Céu cinzento

www.olhares.com/heloisacarrio

O céu está cinzento
para alguns é tristeza,
incomodo...
plantas vibram lavadas,
saciadas
na terra molhada,
cheirosa,
a água escorrendo pelas ruas
dos pingos do céu,
das gotas dos telhados,
das lágrimas dos meus olhos.

Ouço a melodia do tempo
nessa temperatura amena
que a chuva nos dá.
Momento de recolhimento,
Aquietamento...
de um bom livro, um café quente,
pés em pantufas fofas,
e  serenos questionamentos.
Chove chuva,
prenuncio de um sol
resplandecente!

Cocais, mar/2011
Heloisa Trad

Árvore

www.olhares.com/heloisacarrio

Quero abraçar o seu tronco
subir em seus galhos,
comer os seus frutos,
me abrigar em sua sombra,
pisar no chão macio de folhas
que você atapetou.

Quero destruir o serrote
que ameaça sua sorte
nas mãos assassinas
do cego ao verde
descrente da dependência do homem
à generosidade da árvore.

Árvore bendita num mundo maldito
que lhe aviltou.
Destruíram suas sementes
seu corpo em carvão se tornou.
Árvore frondosa... árvore da vida!
Meu amor a você para sempre ficou.

Cocais, mar/2011
Heloisa Trad

sábado, 5 de março de 2011

Não amar demais

http://www.olhares.com/heloisacarrio
Onde há muito,
há muito pouco,
muita auto-anulação,
dependência,
insegurança,
baixa auto-estima
e grande solidão...

Para amar
precisa-se amor próprio,
integridade,
confiança em si mesmo,
liberdade
e auto-consciência.

A fusão se faz
no dar e receber,
livremente,
sem cobrança,
sem controle,
suavemente...

"Farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo, por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz... Também é bom porque em geral se pode ajudar muito mais as pessoas quando não se está cega de amor". Clarice Lispector

Cocais, março/2011
Heloisa Trad 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Olhando o céu

http://www.olhares.com/heloisacarrio
Fiz uma linda pipa
soltei num céu azul
e alturas ela alcançou
viajando ao sabor do vento.

Olhando o céu eu fiquei
extasiada com a minha obra
e a caminhada dela
para longe de mim.

Seu retorno as minhas mãos
era tido como certo.
Quem sabe mais eu a enfeitaria
e uma nova rabiola surgiria?

Novos vôos nos faríamos
eu e ela, sonhos viveríamos.
Mas a linha que nos unia se partiu...
E a olhar o infinito fiquei.

Cocais, fevereiro/2011
Heloisa Trad

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Uma ferida

http://www.olhares.com/heloisacarrio
Onde antes existia catarata,
onde antes existia alegria
uma agressão foi cometida.
Fez-se um buraco
instalou-se a feiúra
feriu olhos
ficou um buraco
pedra agora à vista
veios de água
na Mãe Terra,
na mãe da terra...

Sem verde,
sem esperança,
sem criação,
aridez se instala:
Gaia foi ferida!
Mãe da terra foi ferida!
O céu chora,
o inferno de regojiza.
Mãe deixa de ser,
madrasta surge
nesse anoitecer...

Cocais, janeiro/2011
Heloisa Trad

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Instante Fotográfico


Paro
olho
o lago azul
refletindo
o céu azul
incitando
o sonhar
novos sonhos
e clicar
aprisionando
o azul do mar
que aprendi
a amar.

Cocais, dezembro/2010
Heloisa Trad

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Trem bão

 http://www.olhares.com/heloisacarrio
Locomotiva da década de 1940 instalada na Praça do Areão em Itabira, Minas Gerais, transportava o minério extraído pela Vale do Rio Doce de Itabira até o porto de Tubarão, no Espírito Santo, que hoje sofre os efeitos do vandalismo.

Trem vai
trem vem
esperança vai
tristeza vem
deixa saudades
do meu bem.

Relaxante balançar
no seu vai e vem
pelos trilhos
do sertão mineiro
apitando
e soltando fumaça.
À infância retorno
e sonho sonhos
de exploração
do mais além.

Trem bão
esse trem
essa locomotiva
que segue
devagarinho
pelo velho caminho.

Café com pão,
manteiga não...
Café com pão,
manteiga não...
Café com pão,
manteiga não...

Cocais, janeiro/2011
Heloisa Trad

domingo, 9 de janeiro de 2011

O Buscador

Com os olhos turvos
pelas brumas eu sigo,
solitário, em silêncio,
a buscar o caminho
do paraíso!

Cocais, janeiro/2011
Heloisa Trad