sexta-feira, 27 de julho de 2007

O que é o Amor?

Amor é vida
Vida é amor.

Amor é Deus
Deus é amor.

Mas, o que é o amor?
Pensamento?
Sentimento?
Emoção?

- Apenas uma palavra
que tenta expressar a criação!

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

O que é Poesia?

Um conjunto de poucas palavras
Com muito sentido.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Quase Noite

Entardecer...
A lua surgindo
No céu estrelado
E eu aqui
Fora do contexto,
Sedenta.
Com frio
No corpo
Na alma
Que chora!

Quase noite...
No escuro
Eu clamo,
Sozinha.
Perdida de mim,
buscando respostas
para questões
irretorquíveis,
por estarem
além de mim!

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

sábado, 21 de julho de 2007

Liberdade

É estar disponível para a existência.
É experienciar cada coisa
como se fosse única,
sem se prender a ela
– apenas tocando-a, bem de leve,
como o beija-flor ao coletar o néctar das flores.

E não ter certeza, nem querer posse.
É não ter ânsia de poder, nem de fama.
É ouvir e ver sem julgar, sem optar,
sem corromper o que tocou.

Liberdade é ser íntegro,
é voar rumo ao infinito do tempo e do espaço,
sem preocupação com destino.
É o voar pelo voar – uma aventura de vida!

Cocais, julho/2007
Heloisa Tard

sexta-feira, 20 de julho de 2007

O Amor

Tem objeto?
Tem alvo?
Tem fim?

Ele é um estado
Um sentimento
Um verbo ou substantivo?

Tudo envelhece
As palavras envelhecem
Amor é uma palavra
usada, desgastada,
em associações inusitadas.

Amor, o que é?
- Dom natural,
ponte entre o ente e a existência.

Perene ante o encanto
e o desencanto.

Graça onde floresce a vida.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

O Micro e o Macro

Cada minuto, uma eternidade.
Cada fio, uma teia.
Cada grão, uma duna.
Cada gota, um oceano.

Assim a existência:
O Macro no micro,
o micro no Macro.
O Todo em tudo,
tudo no Todo.

Cada ser, o Ser,
N’Ele presente.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Dor, no silêncio grita

Vejo você mergulhada
no ressentimento, na mágoa,
no rancor desmedido.
Vibrando amargura,
falta o doce da vida.

Vermelha de raiva,
Não, não, é pouco. Ódio.
Ataca. Se defende. Revida.
Feroz, planeja cruel vingança
nas noites mau dormidas.

Vive espelhando alegria,
sob uma máscara de ironia.
Você é pura angústia
nesse viver cheio de medo,
numa baixíssima autoestima.

Dor... dor... dor..
Quanta dor!
No silêncio, encolhida,
gritando - calada - por amor!
Amor... amor... amor...

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Branco

Branco
gelo,
neve,
encardido,
amarelado,

Branco,
sal da terra
espuma do mar
leite materno
estrela solar.

Branco,
pureza encontrada
no estado virginal,
matéria inviolada
do ser primordial.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

terça-feira, 17 de julho de 2007

Valioso

O que é valioso de verdade,
não tem preço. Inestimável,
não é comparável a nada.

Não é vendido, nem comprado,
não é ganho, nem dado,
É, unicamente, conquistado!

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Dúvida

Sendo íntegro, inocente,
faz se necessário duvidar de Deus,
investigar Seu significado, meu Ser,
como teísta, como ateísta
- modos de caminhar para Ele.

O saber sobre o Absoluto
surge no desaprender do adulto,
no não sei da criança.
E, uma criança não tem crença,
só dúvida, indagação.

Deixe a sua criança duvidar,
afirmar, negar,
não saber, buscar,
para no caminho da sabedoria
à Casa do Pai retornar.

Cocais, julho/2207
Heloisa Trad

Bem-aventurança

Ei-la aí para quem quiser,
para quem puder
se qualificar,
como bem aventurado que é.

Grande felicidade
inerente a cada um de nós,
a glória,
a ser gozada no céu,
estado divino ao nosso alcance
a qualquer hora.

Bem-aventurança é humildade,
o aceitar sua efêmera condição terrena
e amar-se por isso.

Bem-aventurança é simplicidade,
viver o estar sabendo o que é,
usando o ter para estar, transitoriamente.

Bem-aventurança é integridade,
é viver respirando unidade
e irradiando amor.

Enfim, bem-aventurado
é todo aquele que, extasiado,
fala no exterior o que o espírito lhe deu no interior.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

O cotidiano cega

Saio de casa,
ando distâncias incontáveis,
olhos cheios de poeira,
contemplo novas paisagens,
cansada, exaurida mesmo, durmo.

Acordo – quanta beleza!
Me inebrio.
Tento reter as imagens que me assolam a vista,
mas o tempo urge,
tenho que voltar ao ponto de partida
e.... surpresa fico,
ao ver que tudo que descobri lá,
aqui estava encoberto pelo cotidiano,
aqui está descoberto pelo novo movimento.

Cocais, julho/2207
Heloisa Trad

Peregrinação

Penitência?
Promessa ?
Iniciação?

Não. Nada disso.
É caminhar pelos campos
ou interiormente, numa direção.
Fazendo do meio o fim,
do percurso a chegada,
da busca o encontro.

Peregrinar,
é chegar onde estava e não sabia,
é redescobrir o divino em si.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Poesia

A semente brota
se livre
da ortografia,
dos conceitos
e dos pré-conceitos.

Nessa disponibilidade
de ser
pode se ancorar num papel,
como o cantar de um pássaro
gravado num CD.

Ah, mas essa reprodução
jamais será tão bela,
quanto o momento do “canto”.
Jamais poder-se-á dizer,
com a mente
do que vai no coração.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Não importa

Não importa o dia da semana, do mês, do ano,
se o céu está claro ou encoberto de nuvens,
se é manhã, tarde, noite, madrugada,
nada importa... nada!

Tem relevância os olhos com que vejo o mundo,
as pessoas, os lugares e os dias,
aberta ao mistério da vida!

Importa como o tempo se apresenta dentro de mim,
se rápido como o coito dos pássaros, voando,
se belo como uma noite de sonhos, estrelada,
se colorido com mil aromas e cores, primaveril.

Tem relevância compreender a utilidade do inútil,
ouvir o canto das cigarras
e saudar o trabalho das formigas.

Importa se na infinita bem-aventurança
com que fui criada pelo Criador e criei outras criaturas,
se abençôo a cada instante que sou abençoada!

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Dor

Dor
Só dor
No corpo
Na mente
No espírito
Quiçá.

Dor sem remédio
Que insiste
Em não se deixar esquecer
Viver qual parasita
No tronco que meu corpo é.

Dor irritante
Inseparável de mim
Fidelidade constante
Apego retumbante
De uma amiga inimiga
De qualquer efêmero prazer.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Aprender a aprender

O saber transvestido de ignorância,
- Essa a condição da genuína sabedoria.
Conhecer os limites do conhecimento,
saber que se informar, pensar e registrar
não é chegar a uma verdade absoluta.
Aprender a desaprender se faz premente,
desaprender o gosto pela certeza inconteste,
aprender a aprender com as incertezas
- condição vital - e chegar ao real saber!

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Eu não escrevo para você

Eu não escrevo para você,
eu escrevo para mim.
Você é uma forma de eu saber
se minhas palavras fazem sentido.

Eu não escrevo para você,
eu escrevo para saber de mim.
Você é meu espelho
- a imagem que diz o que digo.

Eu não escrevo para você,
eu escrevo para me conhecer.
Você é a voz que me cala
ou que me incentiva a seguir.

Eu não escrevo para você,
e sim para ter um referencial
que me leve a encontrar
o inicio e o fim de mim.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Hoje, amanhã

Hoje eu quero,
amanhã não quero mais...

Hoje eu penso,
amanhã repenso, mudo ...

Hoje eu creio
em mim, em ti, num deus.
Até quando? – Não sei.

Hoje eu sonho,
faço planos,
castelos, quem sabe?
Uma onda vem
quebra ruidosamente
e tudo se desvanece
na placidez outra vez.

Hoje há luz.
A claridade me deixa ver
um ângulo da paisagem lá fora
e alguém ao meu lado ...
Novidades surgem,
a penumbra se instala
e a solidão me envolve.

Eu? – Sou sempre a mesma.
Numa constante inconstância,
espelhando a minha paixão: o mar.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Filosofar

É o pensar-se,
pensar o outro,
pensar o mundo.

É reformular conceitos
fora de qualquer preconceito
redescobrir o que é ser Eu,
ser Outro e ser Mundo.

É amar a sabedoria
sem a posse da verdade absoluta.

É saber que nada se sabe,
vivendo a dialética
que leva do saber à ignorância
e da ignorância ao saber
com a graça do conhecer.

É nortear-se pela procura livre
que nos desperta para o insólito
e até mesmo insuportável
do real do agora.

É liberdade e razão instaladas
no cerne da vida, da práxis,
para que nela viva a filosofia.

Filosofar é o próprio ato de viver.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Rosa, rosinha

Rosa rosa,
rosa chá,
rosa musgosa.

Rosa mimosa,
rosa fogosa
vive, dentro de mim.

Botão de rosa,
passiva, calada,
sorriso constante,
Gioconda parece.

Rosa desabrochada,
ativa, falante,
humor variável,
num brilho fulgurante.

Rosa, rosinha,
sou mulher-menina,
à margem da vida.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Eu Só Sei Que Não Sei

Eu só sei que não sei
Que era tudo fantasia.
Agora eu sei.

Eu só sei que não sei
O que de mim será.
Ainda não sei.

Eu sei que é assim
- uma dor enorme de estar,
onde estou... fora de mim -.

Eu não sei o que sei
Mas vou prosseguir
Nesse desconhecer.

Nesse não saber quem eu sou
Sem saber porque vou
Andando estou.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Verde


Cana mineira de um verde doce
Estação chuvosa nas bandas de Goiás
Pastos que renascem após a queima da manga dos campos
e as primeiras chuvas, que tanto me satisfazem.

Verde que te quero verde
Que me remete às altas montanhas
Aos vales profundos dos mistérios instigantes
Cobertos de rastejantes gramíneas.

Aponta a planta que ainda tem seiva,
À madeira que não está seca,
Ao fruto que não madurou,
Aquele que verde de susto ficou.

Verde da minha terra mineira
Das águas profundas do mar azul,
Dos verdes anos que não posso reter
Da esperança que insiste em não morrer.

Verde, símbolo do rebento tenro, fraco,
E também, da preservação da mãe natureza.
Raio de luz verde, chama da verdade e da justiça
Eu te saúdo em nome da vida.

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Morar, residir, viver

Morar ou residir? – Viver!
Num lugar que me assegure
o tempo, o espaço de a missão completar.

Morar
sozinha, com a família,
com o companheiro de jornada,
que me ampara, que eu amparo,
tornando mais fácil a jornada de agora.

Residir
numa casa, numa cabana, na rua,
sofrendo, sorrindo, querendo humildade e grandeza,
numa integridade inerente ao que eu sou, ao reencarne,
que se estende até a morte do corpo físico que utilizo no agora.

Viver
esperançosa... desesperançada...
em função do passado, no presente,
planejando um futuro diferente para mim, para todos,
que perpasse a paz a interna, externa, no mundo de agora.

Com as raízes cortadas,
caminho, corro, alço vôo para a morada maior,
onde minh’alma é eterna e se regozija no amor!

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

terça-feira, 3 de julho de 2007

Onde Está Você?

O que eu vejo
É o que eu sinto?
Ou o que sinto torna real
Aquilo que vejo?

Onde está o começo
e se esse existe, o fim?

Onde está Você meu Pai,
dono de mim?
Dono dos meus pensamentos,
dos meus sentimentos,
engendrados por mim?

Onde está a fantasia
por mim sonhada?
Onde está Você meu Deus
Criado por mim
ou Criador de mim?

Mostre-se no meu espelho d’água!

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

Os Verbos e Suas Escolhas

Ser,
estar,
ter e
parecer.
Que verbo escolher?

Eu sou o que não sou
- uma ilusão.
Eu estou o que não sou
- estado transitório.
Eu tenho o que não sou
- posses temporárias.
Eu pareço o que não sou
- uma grande ilusão!

Que verbo escolher?
- o real, o ser...

Cocais, julho/2007
Heloisa Trad

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Quem é?

Quem é você que no jogo esconde-esconde
é presença-ausência constante
nessa atmosfera destituída de cor?

Quem é você meu amo, que escravo se faz
na dor, na saudade, tristeza que invade
a terra, o ar, e não permite o amor vicejar?

Meu eu amado, sempre desconsiderado
me sacode, comigo grite, desperte-me,
e aos céus possa então me alçar.

Cocais, junho/2007
Heloisa Trad

Amarelo


Amarelo,
da gema do ovo,
do belo topázio,
do enxofre do demo,
do raio de sol,
do ouro da terra,
do aparecido girassol.

Amarelo,
dos anos dourados,
felizes, alegres.
Irradia calor,
me inspira,
no desejo do novo,
de novo sabor.

Amarelo,
do verde ao maduro,
vibrante, mutante,
junto ao azul,
é a cor verde.
Junto ao vermelho,
laranja aparece.

Amarelo
nem sempre brilhante,
numa ilusão de riqueza,
demonstra fraqueza,
palidez de tez descorada,
num estar de vez,
anêmica, desanimada...

Cocais, junho/2007
Heloisa Trad