sábado, 22 de dezembro de 2007

Mar de Margaridas


sonhos vivi
quimeras eu quis

pode
uma coisa tão linda
qual um mar de margaridas
contidas
no oceano da vida?

pode
essa alegria
inconteste
em dias vividos
em dias esquecidos
no passado de ter
ilusões, sensações
de nada ser?

pode
amigas queridas
a embelezarem minha estrada
uma realidade tão crua
a cambalear minhas pernas
em busca da razão de viver?

sonhos vivi
quimeras eu quis...

Cocais, dezembro/2007
Heloisa Trad

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Janelas para a vida



são várias janelas
grandes,
pequenas,
médias...

são várias janelas
ocultando tristezas
revelando alegrias
... a mim!

janelas que falam
janelas que calam
amores, mistérios
... de mim!

janelas azuis
às vezes escuras,
às vezes ensolaradas,
onde fico à espera da primavera
... pra mim!

janelas que trazem
sua silhueta almejada
... por fim!

risos... propago...
para além do horizonte
... sem fim!

Cocais, dezembro/2007
Heloisa Trad

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Significado do Natal


O que é o Natal ...
Árvores?
Presépios?
Guirlandas?
Mensagens?
Ceias?
Presentes?


Ou será o Natal ...
Ruas apinhadas?
Trânsito engarrafado?
Consumismo desenfreado?
Humor alterado?
Solidão evidenciada?


Mas que Natal será este ...
Com tantos pacotes, sons e cores
e também solidão, desencontros, desamores?



Natal não é desatino,
é luz, é vida e celebração.



Um desafio à humanidade
e à contrição,

- pura ânsia de perdão.


Natal é um encontro de amor,
entre o ser e o estar
com o irmão de Belém
com o irmão que aqui está.

Todo dia pode ser Natal
na família, na rua e no coração
- um símbolo de união.


Natal é viver o Cristo em nós
no milagre da ressurreição ...

Cocais, dezembro/2007
Heloisa Trad

Viva a vida


Não sei por onde vou,
não sei para onde vou,
não sei porque vou,
sei que não vou por onde outros vão.
Cansada...
Será dos outros ou de mim?
quero só esquecer
esquecer de mim
esquecer de ti
esquecer de esquecer.

Sem caminho,
sem professor,
sem tolas perguntas,
sem respostas tolas.
Quero simplesmente ser,
nesse mistério da vida.
Ser ...

“A vida é intrinsecamente linda.
Ela não tem qualquer propósito extrínseco.”

Então silencie
e viva a vida sem tentar entender!

Cocais, dezembro/2007
Heloisa Trad

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Pedra


Pedra,
rocha,
rochedo,
seixo,
lápide clara, escura...
sepulcral.

Pedra,
preciosa,
semipreciosa,
falsa,
dura, sólida...
mineral.

Pedra,
pedaço de gelo,
peça de jogo,
caneco de chope
bloco de crack...
mortal.

Pedra britada,
nas construções usada.
Pedra de ara,
no centro do altar colocada.

Pedra filosofal,
fórmula dos alquimistas.
Cálculo de rins ou vesícula,
pelo homem, no corpo, fabricada.

Pedra,
em expressões inúmeras está:
pedra fundamental,
pedra no sapato,
e lá vai pedra,
botar uma pedra em cima,
com quatro pedras na mão,
dormir como uma pedra,
de pedra e cal,
sopa de pedra,
não deixar pedra sobre pedra
...ser de pedra!

Pedra,
venerada,
sagrada,
amaldiçoada,
lapidada,
disposta no caminho,
com tal arrogância e falta de tino,
que difícil é entender-se o seu significado.
***
Pedra, pedra,
teu silêncio tudo encerra.

“Por isso é que os poetas, com sua imaginação irreverente, mesmo que a vida lhes tenha fatigado as retinas, encontram sempre, onde mais ninguém enxerga, uma pedra no meio do caminho.” A. de Abreu Freire

Cocais, novembro/2007
Heloisa Trad

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Tudo... tudo rosa

Eu quero o meu mundo cor-de-rosa
de todos os matizes,
em toda parte.

Rosa forte nos sonhos de amor,
nas lentes rosa-bebê para o mundo ver
trazendo alegria ao meu viver.

Rosa-salmão nas paredes da casa,
senação de leveza e harmonia
na distribuição da alegria.

Rosa-pink bem forte
irradiando do coração
trazendo a todos amor e união.

Da cor da veste das menininhas
até a cor das rosas do meu jardim
quero tudo do rosa claro ao carmim.

Quero a luz rósea que ilumina o céu
seja do pôr-do-sol ou da aurora
levantando o astral geral.

Cocais, novembro/2007
Heloisa Trad

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Milagre


Milagre
é sair do Caos,
dividir-se,
criar,
ingressar na forma,
manifestar a Essência na existência,
e confiar no mistério de um Poder Infinito.

Milagre é ver em si mesmo
toda a experiência vivida,
todo o conhecimento adquirido,
transformar-se em pura sabedoria.

Milagre
é viver um processo
onde nada se aniquila e tudo se transforma
restaurando a consciência da realidade
que está no espírito.

Milagre
é regressar ao Caos,
unir-se,
transcender de uma existência para outra
e livre... da busca, quedar-se!

Cocais, novembro/2007
Heloisa Trad

A Morte


A morte é uma necessidade
conscientemente rejeitada
inconscientemente desejada.

Pensar a imortalidade apavora
deixa sem sentido a vida
deixa sem esperança mente.

Morte do corpo, dos sonhos
minha no outro
do outro em mim
venha!

Morte és um processo bendito
para que a ressurreição aconteça
e para a vida eterna eu viva
amém!

Cocais, novembro/2007
Heloisa Trad

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Valores humanos


Em alguma época,
em algum lugar,
pretensos valores
foram assimilados,

agora questionados,
são aviltados...
rejeitados!

Novo milênio,
novo século,
nova década...
Onde estão os valores?
De hoje?
De ontem?
De amanhã?

A negação de qualquer valoração
toma conta da nossa cultura,
todavia, a maioria continua
a necessitar de regras e normas,
de dogmas e autoridades;
que lhes apontem verdades,
como seguir e o que construir.

Há um mar aberto de possibilidades
para novos caminhos libertos
do reprimido passado, mas,
com igual peso de responsabilidades,
para tornarmo-os senhores do nosso destino.

Estabelecer novos valores faz-se mister...

Cocais, novembro/2007
Heloisa Trad

O Espírito


Não é um fenômeno,
tampouco um sujeito,
um objeto,
ou um conceito.

O espírito está aqui,
atrás dos meus olhos,
dos seus olhos,
diante de você e de mim.

Realidade absoluta,
consciência disseminada em tudo,
ressoa no som e irradia na luz
no todo, no nada...
- inútil procurar o espírito.

Pare a busca.
Experiencie o espírito...
Seja!

Cocais, novembro/2007
Heloisa Trad

Paradoxos


Sou o choro,
sou o riso,
o nó na garganta,
o grito aflito.

Sou sujeito
e objeto,
o caminho,
o caminhante iludido.

Faço da busca
o encontro,
no silêncio,
do ruidoso mundo.

Cocais, novembro/2007
Heloisa Trad

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Doçura plena


Doçura plena
nesse infinito universo
contido em ti
se apresenta a mim
se apresenta agora
como possibilidades
de sonhar em ver a luz,
a inocência,
a graça,
de ser divina
no mundo terreno.

Não sei seu nome
não sei sua cor
nem mesmo a sua dor
mas sei do amor
que nos une num laço forte
que nem a morte pode arrefecer.

Minha neta,
ser que chega
trazendo só esperança,
bem-vinda seja!

Cocais, 13/novembro/2007
Heloisa Trad

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Na água


No rio
no mar
na água
doce ou salgada
eu nado.

Em completo silêncio
eu mergulho
me abandono...
morro!

Na água
eu sei
eu sou
tudo, sem nada.

Na água
eu vivo
a graça almejada.

Cocais, novembro/2007
Heloisa Trad

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A vida

A vida é uma viagem
ao longo de um imenso rio.
Há um leito e uma margem
Onde é que você quer estar?

O roteiro você traça
- por água e/ou por terra
O início você escolhe
- do leito ou da margem
Ao fim você vai chegar
- ao mar!

Cocais, novembro/2007
Heloisa Trad

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Vazio

Vazio de mim
vazio de ti
vazio da vida.

Vazio
onde encontro
tudo que busco
e onde deixo
o que não quero.

Nada me atrasa
nada me impulsiona.
Vazio de tudo
vazio de nada.

Essência do ser
do meu ser, do seu ser
é o vazio... só vazio.

Cocais, novembro/2007
Heloisa Trad

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Só o amor


Só o amor importa
dizia Paulo de Tarso.

Deus é amor
declaram os teólogos.

Amor, linguagem do coração
afirmam os poetas.

E o amor é decantado
em verso e prosa ...
da música à religião.

Diferentes conceitos tem.
Como o significado da vida
ou pura banalidade vivida.

A mim pouco importa o amor
Alento dos otimistas
ou ilusão dos medricas.

Amor... amor...
desculpa para matar e morrer!

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

Sua mentira, minha verdade


O que você diz é uma mentira
para mim.

Sua mentira é uma verdade
para você.

Ficamos assim,
o dito é valorado por mim ou por você?

Eu digo que o que você fala é mentira,
você diz que é verdade.

Eu digo que o que falo é verdade,
você diz que é mentira.

Temos a verdade de cada um,
mas nos deparamos com a mentira
da verdade do outro.

O que é verdade?
O que é mentira?
O que é seu?
O que é meu?
Como opostos se fazem um
por que, como dois,
temos que escolher
um só caminho trilhar?

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Sobram-me

Sobram-me pensamentos
capas, galochas
e guarda-chuvas
à espera da mudança de tempo.

Sobram-me emoções
chapéus e sombrinhas
protetores da esperança
num melhor vir-a-ser.

Sobram-me sentimentos
ressentimentos e pressentimentos
do que não alcancei...
do que nem sonhei.

Sobram-me questionamentos
sobre a vida, sobre a morte
tendo a única certeza:
o corpo irá perecer.

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Viver é muito perigoso


Viver é muito perigoso, escreveu você
antes de morrer...

O perigo está em toda parte,
presente a todo instante,
em situações corriqueiras e inusitadas,
levando nossa tensão ao limite,
estressando, deprimindo, matando
de morte morrida e de morte matada.

A violência do seqüestro, do assalto...
A fatalidade da bala perdida, da palavra ferina,
do trânsito infernal, da casa arrombada...
A incerteza do emprego, do namoro...
E a possibilidade de não ser aprovado,
de ficar impotente, de não ser amado ...

O confronto com a falta de ética moderna,
com as intempéries da natureza desrespeitada,
com as doenças, com a morte...
torna o viver mais perigoso ainda.

E quando não aprendemos a nos ouvir,
quando não aceitamos quem somos,
quando temos medo de viver?
Enfrentamos o perigo maior:
o desconhecimento de si, o deixar de ser.

Viver é muito perigoso, com razão disse você!

Cocais, outubro/ 2007
Heloisa Trad

Uma homenagem a Hybsen Trad Souza
que partiu em 04/12/1996.

Mar (avilha)


mar...
amar
maravilha que é o mar.

mar...
costeiro,
continental,
fechado.

mar...
aberto,
territorial,
encapelado.

mar...
grande massa de águas salgadas,
como as lágrimas que vertemos
extasiadas ao amarar.

mar...
fazer-se ao mar,
navegar de mar a mar,
num mar de rosas estar.

mar...
navegar em alto-mar,
é marejar alegria,
é nesse alteroso equilibrar.

mar...
estrela do céu, estrela-do-mar,
no fundo desse azul marinho
perpetuadas nessa marinha.

mar...
meu amor, meu mar!

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

domingo, 28 de outubro de 2007

Como Definir Deus


Como definir Deus?
Uso mil conceitos e nada digo,
apelo para imagens e não consigo.

Como imaginar o imaginável?
Descrever o indescritível
Falar do não-dizível?

Deus, o sagrado oculto,
santidade misteriosa,
sabedoria suprema,
amor absoluto,
verdade verdadeira,
é o que dá significado a vida!

Deus, Pai, Senhor,
o Grande Silêncio
da experiência humana,
às vezes vislumbrado,
pela imaginação do poeta...

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

sábado, 27 de outubro de 2007

Mau ou mal


Bicho irracional
- o animal -
ataca/defende
guiado pelos instintos
procurando sobreviver.

Bicho racional
- o homem -
ataca/defende
guiado pelas pulsões
a fim de desejos satisfazer.

Animais matam homens
homens matam animais
homens matam homens
são maus ou são o mal?

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

São só palavras


Amor,
verdade,
caminho,
dentre tantos outros verbos
são somente palavras
que tentam preencher espaços
vazios de mim
vazios de ti
vazios de Deus.

Palavras criam esperanças
numa incessante busca
da plenitude
no hoje,
no amanhã,
na eternidade pressentida
e não comprovada.

Palavras, são só palavras
usadas na busca
do significado da morte
contida na vida!

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

Na Estrada


Na estrada, eu estou,
em silêncio, vento no rosto
a caminho do amar.
Caminhões rodando
vão levando progresso
de lá para cá.

Asfalto quente,
perigo constante.
Sonolenta insisto,
a espreitar à janela,
em ver um verde qualquer.
Um sinal de esperança!

Sol quente me pega,
desconforto se instala,
ansiedade me toma,
canto, resmungo, praguejo,
quero logo chegar
ao meu porto, ao meu lar.

Na estrada, solitária eu ando,
na estrada, amorosa me sinto,
o tempo passar ... passar...
a tristeza aumentar... a tristeza amainar...
longe de ti eu fiquei... para ti eu vou voltar...
Rodando eu vim... rodando eu vou...

Na estrada eu estou.

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Corpo ou Mente


Meu corpo não é quem eu sou,
é algo que tenho.

Minha mente não é o que eu sou,
é algo que uso.

A essência que quem eu sou
é meu espírito - o meu ser.
Onde está contido todo meu saber!

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

Avó e Neta


Fui e sou filha
fui e sou neta
sou mãe
sou avó.

Como falar dessas relações essenciais?

Mãe-filha se equilibra entre o amor e o ódio
na busca de si na outra.
Avó-neta é uma troca mais sábia
no encontro consigo na outra.

Neta-avó foi uma doce relação de amor,
avó-neta é uma compreensão do amor.

Maria Cândida minha saudosa avó,
fui e sou sua agradecida neta.
Luiza minha presente neta,
sou sua engrandecida avó.

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

domingo, 21 de outubro de 2007

Os Três Eus


Três imagens,
três estados,
três eus.

Um corpo disponível para o sacrifício,
conduzido por vontade superior
é o imolado instrumento do ser.

Um outro, o algoz,
com a espada trespassa o coração
do sacrificado ego.

Um terceiro, que a tudo observa,
vivencia o matar e o morrer
para o self viver.

Três eus, juntos,
o amado, o amante e o amor
finalizam o processo de salvação.

Enfim, três se torna um!

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

sábado, 20 de outubro de 2007

A Saga das Palavras


Os que escrevem,
os que lêem,
os que falam,
os que ouvem,
torturam as palavras e,
são torturados por elas.
Abençoam com palavras e,
são abençoados através delas.

A palavra só existe no seu contexto
e lá está prenha de possibilidades
e de conseqüências
à espera que alguém dela se aposse
e a lance num alvo qualquer
transmutando o real ilusório.

Uma palavra como um objeto
não é boa nem é má.
Ela alcança o efeito
que seu manipulador desejar
- seja transmissor ou receptor -,
da mais nova verdade inventada.

A palavra raramente é bem utilizada.
Levada ao vento é transformada
e transformadora - é o verbo -,
usada como instrumento de criação,
impossível de a origem retornar.

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

Palavras não são nada


Palavras
não são nada
sem eu e você.

Palavras
em troca de juras de amor
são enaltecedoras
de todo nosso amor.

Palavras
eu digo
palavras eu calo
mas em silêncio eu falo
tudo que no coração cala.

Palavras
eu escuto
palavras eu engulo
sorriso nos lábios
disfarçando a dor.

Palavras
de pragas perpétuas
são mutiladoras
de nosso desamor.

Palavras
sem enxó, atiradas ao vento
deixamos para trás...
Quem sabe retornarão
transmutadas em luz?

Palavras
não são nada
sem eu e você.

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

A Fuga

O amor a buscar
sempre a sonhar
que um dia ao altar
o príncipe encantado
iria me esperar.

O dia chegou
tapete vermelho
igreja florida
a marcha nupcial
por todos foi ouvida.

Papai ao encontro
do par, me levou.
Toda de branco
puro sorrisos trêmulos
diante do padre cheguei

Você lá estava
cincurspecto demais
rigidez cadavérica
olhar assustado
um clima de horror.

A platéia atenta
nada pode entender
do seu não categórico
assustanto meu ser.

A fuga da imagem do sapo
no qual você se tornou
passou a único desejo possível
nesse desencontro de amor.

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

A Foto


Quem eu vejo nessa foto não sou eu
uma imagem tirada que a máquina mudou
transformou numa bruxa perfeita
que me persegue na vida.

Nada mais permanente que a própria mudança
alterando o perfil do que pensei ser
do que vejo e não sou
do que não idealizo e sou

Eu? – Não, não sou!

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

Mentira Eu Escuto


Mentira eu escuto
em mentira acredito
senão seria impossível
me relacionar contigo.

Fantasias eu vejo
compactuo, admito.
Conveniência existe
para eu ser bem sucedida
na convivência contigo.

Às vezes de ti me enjôo
quero me afastar
e não posso,
para o coração inexiste
verdade ou mentira!

Cocais, outubro/2207
Heloisa Trad

Mentira Eu Digo


Mentira eu digo
mentira eu sou
mentira eu vivo
nesse imenso calor
que a Terra se transformou.

Mentira escuto
em mentira acredito
para viver tranqüila
a ilusão da verdade
que cerca
a minha humanidade.

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

Mentira


Eu minto
você mente
me obrigando a mentir.
Mentira,
de verdade,
acontece somente
para a peça estrear
no teatro da vida terrena
mísera demais
para não se fantasiar
o acontecido jamais!

Cocais, outubro/2207
Heloisa Trad

Só palavras


nascer
crescer
existir
morrer
palavras que dizem
o que pretendo ser

amor
verdade
caminho
palavras, verbos diversos
dentre tantos outros verbos
são somente palavras
que tentam preencher espaços
vazios de mim

saudade
esperança
completude
palavras que apontam
vazios ...
vazios de ti
vazios de Deus
vazios em mim

futuro
ilusão
desilusão
só palavras ...
numa incessante busca
da plenitude
no hoje,
no amanhã,
na eternidade almejada
e não comprovada.

palavras, são só palavras
usadas na busca
do significado da morte
contida na vida!

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

Tempo

o que é o tempo, tempo, tempo
senão uma quimera do sonhador
que não pode enfrentar o agora?

tempo de fazer
tempo de crescer
tempo de ser
tempo de não-ser

tempo, tempo, tempo
me traga
estraga
amarga o desejo
de voltar
de ficar
de prosseguir
no tempo...

tempo
ser poeta
ser bandido
ser sem ser

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

domingo, 7 de outubro de 2007

Quero a Solidão


Quero minha solidão do outro
momento de minha companhia
em que eu fique com o nada
e mesmo assim me sinta
como se estivesse plena de tudo.

Quero na solidão de Deus
manifestar minha incompreensão
do que ele possa ser
e o direito de sentir medo
do que disso possa advir.

Quero na minha solidão de mim
falar ao vento de todas as angústias
sem nenhum constrangimento
da minha ignorante humanidade
e da ansiosa busca pela divindade.

Quero nesse aprendizado da solidão
ter misericórdia por todos
aceitando a possibilidade do pecado
em mim e/ou no outro
na busca da essência humana.

Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad

domingo, 30 de setembro de 2007

Grito e Silêncio


"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons".

O grito dos maus assusta
tanto quanto o silêncio dos bons
dos que omitem,
dos que se omitem
na calada da noite
no burburinho do dia.

Perigo, amigo, perigo!
Esse campo de sons movediços
guarda segredos abjetos
estímulos subliminares
que induzem a alienação
do que realmente se deseja.

Se acautele dos oradores
portadores de "verdades"
sedutores com palavras vãs
hipócritas carismáticos
que intimidam e guiam
os ingênuos encantados.

Se acautele dos ouvintes
dos deuses da terra
dos adorados e adoradores de barro
dependurados na corda bamba do céu
pela sede de poder dominados
vendo pobreza como riqueza.

Se acautele dos silenciosos
que ocultam mistérios profanos
verdades salvadoras
mentiras avassaladoras
pelo medo, pela covardia,
pela inveja dos homens de bem.

Cocais, setembro/2007
Heloisa Trad

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Eu tenho, eu sou


Eu tenho um corpo
E não sou esse corpo – uso-o
Eu tenho uma mente
E não sou essa mente – uso-a
Eu tenho um espírito
E sou esse espírito
Que usa meu corpo
Que usa minha mente
Que experiencia a si mesmo
No finito mundo terreno
Enriquecendo a vida eterna.
Amém!

Cocais, setembro/2007
Heloisa

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

É Só Sonho


durmo
sonho
acordo
recordo
esperançosa.

caminho
retorno
adormeço
sonho
com o amanhã.

alvorece
levanto
suando
pesadelos eu tive
de não ver-te mais.

o dia finda
o sono vem
vejo-te voltando
acordo
- foi sonho!

o sol surge
mais um dia
outra noite
sonho ou pesadelo
terei contigo.

A aurora chega...

Cocais, setembro/2007
Heloisa Trad

Palavras


Palavras são apenas palavras.
Não estamos nas palavras,
Estamos ao redor das palavras.
Não somos palavras,
Usamos palavras para nos expressarmos.

Abandonemos o excesso de palavras
E busquemos o silêncio que as circundam,
Apreendendo o nada que aí existe
Para, sem palavras, vivermos o tudo.

Cocais, setembro/2007
Heloisa Trad

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Meus Amores

meus amores
quando longe de mim estão
deixam comigo
retrato
palavra
sensação

meus amores
quando longe de mim vão
levam de mim
o pensamento
a alegria
o coração

Cocais, setembro/2007
Heloisa Trad

Nada

nunca quis ser rica
expor-me à vista
aparecendo
nisso e aquilo
aqui e ali
usando roupa de grife
comendo caviar russo
bebendo champanhe francês

queria andar
com os pés descalços
as mãos vazias
despojada
despida
nua...

queria dizer a todos
o que digo a mim mesma
sem nada reivindicar:
não me cobrem nada
nada esperem de mim
sou rica sim
por nada precisar
por feliz ser sem nada ter

Cocais, setembro/2007
Heloisa Trad

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Estupor

esse não querer e ter
esse senso do dever
que me leva a fazer
quando eu devia exercer
o meu desejo de ser

aonde posso buscar
a segurança reforçar
essa vontade infinda
de dizer não quando não
e parar de mentir

Cocais, setembro/2007
Heloisa Trad

Pensamentos Tolos

Tantos pensamentos,
Tolos pensamentos...
Pensamentos tolos...

Ocultos até de mim mesma,
como estrelas no fundo do mar,
que jamais irão a superfície boiar.

Tantos pensamentos...

Fortemente escondidos do mundo,
cadáveres jogados ao largo das dunas
que a qualquer momento cheiros irão exalar.

Tolos pensamentos...

Totalmente imersos no silêncio profundo
procriam, se robustecem na cidade grande
se tornando monstros que irão me devorar.

Pensamentos tolos...

Poluidores insensíveis da minha alma,
violentos corruptores da minha mente,
frios detonadores do meu coração.

Preciso pensar em deixar de pensar em vocês!

Cocais, setembro/2007
Heloisa Trad

Perdão

Esvaziar o arquivo,
Deletar...

Focar toda atenção no presente,
Sem recordações, sem passado.
Livre!

Qualquer encontro fica singular
Sem mágoa, sem ressentimento.
Leve!

Sem julgamento
e muito menos condenação
vemos o outro como o ser que é
- virginal.

Tudo se torna
o ser total!

Cocais, agosto/2007
Heloisa Trad

Pega no pé


Pega, o pé chato
A azarar a bela mulher
E não arreda pé esse Mané
- afoito que é!

Pega, o sapato
Como bota de vaqueiro
Que não quer sair do pé
- o jeito é pedir ajuda ao Zé!

Pega, o bicho-de-pé
no pé-de-anjo descalçado
e não morre nem com o chulé
- chispe a benzer com a Lelé!

Pega, o pé-de-valsa
A rodopiar doidamente
Com a fogosa dançante
- viva o arrasta-pé!

Pega, a bailarina
À noite, nas pontas do pés
Tentar surripiar pé-de-moleque
- andando pé ante pé!

Pega, o pé-frio
A reclamar do frio gélido no pés
Inverno ou defunto é
- uma vicissitude!

Pare de pegar no pé
Vamos botar o pé no mundo...

Cocais, agosto/2007
Heloisa Trad

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Quero


Quero que minha solidão do outro
seja um momento de minha companhia.Que eu fique com o nada
e mesmo assim me sintacomo se estivesse plena de tudo.

Quero falar com este vazio tremendo
e receber como resposta
o Divino Amor que aceita
o meu pecado de pensar a finitude
no silêncio da minha mente.

Quero um Deus e a fé Nele
independente do que Ele possa ser
sem odiá-Lo por minha incompreensão.
Caso Ele exista, que perdoe essa minha dúvida
e após a morte me receba em colo quente.

Cocais, setembro/2007
Heloisa Trad

Persona


hoje vou tirar a minha máscara
e de cara limpa
encarar o espelho
deixar o externo refletir o interno
e as duas imagens se fundindo
me transformarão em uma
...
Cocais, setembro/2007
Heloisa Trad

Desconhecido


Livros e templos estão cheios de Deus,
mas Deus não está nessas coisas.
O homem discute sobre a natureza de Deus,
porque idealiza o imensurável.

Como pode uma limitada mente,
conhecer o que é inefável?

Como pode o que é produto do tempo e espaço,
conhecer o atemporal e ilimitado?

Falar e pensar em Deus
como no amor ou na verdade
é uma tentativa de fugir
da sensação de impotência e medo
diante da nossa pequenez.

Deus, a verdade e o amor, é o desconhecido
que não pode ser capturado pelo conhecido.
Por isso nos aquietemos, silenciemos...
Deixemos o conhecido cessar para o desconhecido surgir
e uma benção na existência se difundir.

Cocais, setembro/2007
Heloisa Trad