Sobram-me pensamentos
capas, galochas
e guarda-chuvas
à espera da mudança de tempo.
Sobram-me emoções
chapéus e sombrinhas
protetores da esperança
num melhor vir-a-ser.
Sobram-me sentimentos
ressentimentos e pressentimentos
do que não alcancei...
do que nem sonhei.
Sobram-me questionamentos
sobre a vida, sobre a morte
tendo a única certeza:
o corpo irá perecer.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
Somente o poeta fala do indizível. Só o poeta com suas palavras prenhes, num silêncio visado pelas imagens poéticas, é projetado a partir da própria poesia. E isso implica em que ele constitui, nas suas ramificações internas, o silêncio como um outro em direção ao qual está o caminho, está esse 'outro', o projeto - que é o sentido - de uma linguagem articulada que não pode absorvê-lo sem se aniquilar. O silêncio fala! Só o poeta fala desse silêncio que diz o não-dito...
terça-feira, 30 de outubro de 2007
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Viver é muito perigoso
Viver é muito perigoso, escreveu você
antes de morrer...
O perigo está em toda parte,
presente a todo instante,
em situações corriqueiras e inusitadas,
levando nossa tensão ao limite,
estressando, deprimindo, matando
de morte morrida e de morte matada.
A violência do seqüestro, do assalto...
A fatalidade da bala perdida, da palavra ferina,
do trânsito infernal, da casa arrombada...
A incerteza do emprego, do namoro...
E a possibilidade de não ser aprovado,
de ficar impotente, de não ser amado ...
O confronto com a falta de ética moderna,
com as intempéries da natureza desrespeitada,
com as doenças, com a morte...
torna o viver mais perigoso ainda.
E quando não aprendemos a nos ouvir,
quando não aceitamos quem somos,
quando temos medo de viver?
Enfrentamos o perigo maior:
o desconhecimento de si, o deixar de ser.
Viver é muito perigoso, com razão disse você!
Cocais, outubro/ 2007
Heloisa Trad
Uma homenagem a Hybsen Trad Souza
antes de morrer...
O perigo está em toda parte,
presente a todo instante,
em situações corriqueiras e inusitadas,
levando nossa tensão ao limite,
estressando, deprimindo, matando
de morte morrida e de morte matada.
A violência do seqüestro, do assalto...
A fatalidade da bala perdida, da palavra ferina,
do trânsito infernal, da casa arrombada...
A incerteza do emprego, do namoro...
E a possibilidade de não ser aprovado,
de ficar impotente, de não ser amado ...
O confronto com a falta de ética moderna,
com as intempéries da natureza desrespeitada,
com as doenças, com a morte...
torna o viver mais perigoso ainda.
E quando não aprendemos a nos ouvir,
quando não aceitamos quem somos,
quando temos medo de viver?
Enfrentamos o perigo maior:
o desconhecimento de si, o deixar de ser.
Viver é muito perigoso, com razão disse você!
Cocais, outubro/ 2007
Heloisa Trad
Uma homenagem a Hybsen Trad Souza
que partiu em 04/12/1996.
Mar (avilha)
mar...
amar
maravilha que é o mar.
mar...
costeiro,
continental,
fechado.
mar...
aberto,
territorial,
encapelado.
mar...
grande massa de águas salgadas,
como as lágrimas que vertemos
extasiadas ao amarar.
mar...
fazer-se ao mar,
navegar de mar a mar,
num mar de rosas estar.
mar...
navegar em alto-mar,
é marejar alegria,
é nesse alteroso equilibrar.
mar...
estrela do céu, estrela-do-mar,
no fundo desse azul marinho
perpetuadas nessa marinha.
mar...
meu amor, meu mar!
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
amar
maravilha que é o mar.
mar...
costeiro,
continental,
fechado.
mar...
aberto,
territorial,
encapelado.
mar...
grande massa de águas salgadas,
como as lágrimas que vertemos
extasiadas ao amarar.
mar...
fazer-se ao mar,
navegar de mar a mar,
num mar de rosas estar.
mar...
navegar em alto-mar,
é marejar alegria,
é nesse alteroso equilibrar.
mar...
estrela do céu, estrela-do-mar,
no fundo desse azul marinho
perpetuadas nessa marinha.
mar...
meu amor, meu mar!
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
domingo, 28 de outubro de 2007
Como Definir Deus
Como definir Deus?
Uso mil conceitos e nada digo,
apelo para imagens e não consigo.
Como imaginar o imaginável?
Descrever o indescritível
Falar do não-dizível?
Deus, o sagrado oculto,
santidade misteriosa,
sabedoria suprema,
amor absoluto,
verdade verdadeira,
é o que dá significado a vida!
Deus, Pai, Senhor,
o Grande Silêncio
da experiência humana,
às vezes vislumbrado,
pela imaginação do poeta...
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
Uso mil conceitos e nada digo,
apelo para imagens e não consigo.
Como imaginar o imaginável?
Descrever o indescritível
Falar do não-dizível?
Deus, o sagrado oculto,
santidade misteriosa,
sabedoria suprema,
amor absoluto,
verdade verdadeira,
é o que dá significado a vida!
Deus, Pai, Senhor,
o Grande Silêncio
da experiência humana,
às vezes vislumbrado,
pela imaginação do poeta...
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
sábado, 27 de outubro de 2007
Mau ou mal
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
São só palavras
Amor,
verdade,
caminho,
dentre tantos outros verbos
são somente palavras
que tentam preencher espaços
vazios de mim
vazios de ti
vazios de Deus.
Palavras criam esperanças
numa incessante busca
da plenitude
no hoje,
no amanhã,
na eternidade pressentida
e não comprovada.
Palavras, são só palavras
usadas na busca
do significado da morte
contida na vida!
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
verdade,
caminho,
dentre tantos outros verbos
são somente palavras
que tentam preencher espaços
vazios de mim
vazios de ti
vazios de Deus.
Palavras criam esperanças
numa incessante busca
da plenitude
no hoje,
no amanhã,
na eternidade pressentida
e não comprovada.
Palavras, são só palavras
usadas na busca
do significado da morte
contida na vida!
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
Na Estrada
Na estrada, eu estou,
em silêncio, vento no rosto
a caminho do amar.
Caminhões rodando
vão levando progresso
de lá para cá.
Asfalto quente,
perigo constante.
Sonolenta insisto,
a espreitar à janela,
em ver um verde qualquer.
Um sinal de esperança!
Sol quente me pega,
desconforto se instala,
ansiedade me toma,
canto, resmungo, praguejo,
quero logo chegar
ao meu porto, ao meu lar.
Na estrada, solitária eu ando,
na estrada, amorosa me sinto,
o tempo passar ... passar...
a tristeza aumentar... a tristeza amainar...
longe de ti eu fiquei... para ti eu vou voltar...
Rodando eu vim... rodando eu vou...
Na estrada eu estou.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
em silêncio, vento no rosto
a caminho do amar.
Caminhões rodando
vão levando progresso
de lá para cá.
Asfalto quente,
perigo constante.
Sonolenta insisto,
a espreitar à janela,
em ver um verde qualquer.
Um sinal de esperança!
Sol quente me pega,
desconforto se instala,
ansiedade me toma,
canto, resmungo, praguejo,
quero logo chegar
ao meu porto, ao meu lar.
Na estrada, solitária eu ando,
na estrada, amorosa me sinto,
o tempo passar ... passar...
a tristeza aumentar... a tristeza amainar...
longe de ti eu fiquei... para ti eu vou voltar...
Rodando eu vim... rodando eu vou...
Na estrada eu estou.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Corpo ou Mente
Avó e Neta
Fui e sou filha
fui e sou neta
sou mãe
sou avó.
Como falar dessas relações essenciais?
Mãe-filha se equilibra entre o amor e o ódio
na busca de si na outra.
Avó-neta é uma troca mais sábia
no encontro consigo na outra.
Neta-avó foi uma doce relação de amor,
avó-neta é uma compreensão do amor.
Maria Cândida minha saudosa avó,
fui e sou sua agradecida neta.
Luiza minha presente neta,
sou sua engrandecida avó.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
fui e sou neta
sou mãe
sou avó.
Como falar dessas relações essenciais?
Mãe-filha se equilibra entre o amor e o ódio
na busca de si na outra.
Avó-neta é uma troca mais sábia
no encontro consigo na outra.
Neta-avó foi uma doce relação de amor,
avó-neta é uma compreensão do amor.
Maria Cândida minha saudosa avó,
fui e sou sua agradecida neta.
Luiza minha presente neta,
sou sua engrandecida avó.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
domingo, 21 de outubro de 2007
Os Três Eus
Três imagens,
três estados,
três eus.
Um corpo disponível para o sacrifício,
conduzido por vontade superior
é o imolado instrumento do ser.
Um outro, o algoz,
com a espada trespassa o coração
do sacrificado ego.
Um terceiro, que a tudo observa,
vivencia o matar e o morrer
para o self viver.
Três eus, juntos,
o amado, o amante e o amor
finalizam o processo de salvação.
Enfim, três se torna um!
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
três eus.
Um corpo disponível para o sacrifício,
conduzido por vontade superior
é o imolado instrumento do ser.
Um outro, o algoz,
com a espada trespassa o coração
do sacrificado ego.
Um terceiro, que a tudo observa,
vivencia o matar e o morrer
para o self viver.
Três eus, juntos,
o amado, o amante e o amor
finalizam o processo de salvação.
Enfim, três se torna um!
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
sábado, 20 de outubro de 2007
A Saga das Palavras
Os que escrevem,
os que lêem,
os que falam,
os que ouvem,
torturam as palavras e,
são torturados por elas.
Abençoam com palavras e,
são abençoados através delas.
A palavra só existe no seu contexto
e lá está prenha de possibilidades
e de conseqüências
à espera que alguém dela se aposse
e a lance num alvo qualquer
transmutando o real ilusório.
Uma palavra como um objeto
não é boa nem é má.
Ela alcança o efeito
que seu manipulador desejar
- seja transmissor ou receptor -,
da mais nova verdade inventada.
A palavra raramente é bem utilizada.
Levada ao vento é transformada
e transformadora - é o verbo -,
usada como instrumento de criação,
impossível de a origem retornar.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
os que lêem,
os que falam,
os que ouvem,
torturam as palavras e,
são torturados por elas.
Abençoam com palavras e,
são abençoados através delas.
A palavra só existe no seu contexto
e lá está prenha de possibilidades
e de conseqüências
à espera que alguém dela se aposse
e a lance num alvo qualquer
transmutando o real ilusório.
Uma palavra como um objeto
não é boa nem é má.
Ela alcança o efeito
que seu manipulador desejar
- seja transmissor ou receptor -,
da mais nova verdade inventada.
A palavra raramente é bem utilizada.
Levada ao vento é transformada
e transformadora - é o verbo -,
usada como instrumento de criação,
impossível de a origem retornar.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
Palavras não são nada
Palavras
não são nada
sem eu e você.
Palavras
em troca de juras de amor
são enaltecedoras
de todo nosso amor.
Palavras
eu digo
palavras eu calo
mas em silêncio eu falo
tudo que no coração cala.
Palavras
eu escuto
palavras eu engulo
sorriso nos lábios
disfarçando a dor.
Palavras
de pragas perpétuas
são mutiladoras
de nosso desamor.
Palavras
sem enxó, atiradas ao vento
deixamos para trás...
Quem sabe retornarão
transmutadas em luz?
Palavras
não são nada
sem eu e você.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
não são nada
sem eu e você.
Palavras
em troca de juras de amor
são enaltecedoras
de todo nosso amor.
Palavras
eu digo
palavras eu calo
mas em silêncio eu falo
tudo que no coração cala.
Palavras
eu escuto
palavras eu engulo
sorriso nos lábios
disfarçando a dor.
Palavras
de pragas perpétuas
são mutiladoras
de nosso desamor.
Palavras
sem enxó, atiradas ao vento
deixamos para trás...
Quem sabe retornarão
transmutadas em luz?
Palavras
não são nada
sem eu e você.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
A Fuga
O amor a buscar
sempre a sonhar
que um dia ao altar
o príncipe encantado
iria me esperar.
O dia chegou
tapete vermelho
igreja florida
a marcha nupcial
por todos foi ouvida.
Papai ao encontro
do par, me levou.
Toda de branco
puro sorrisos trêmulos
diante do padre cheguei
Você lá estava
cincurspecto demais
rigidez cadavérica
olhar assustado
um clima de horror.
A platéia atenta
nada pode entender
do seu não categórico
assustanto meu ser.
A fuga da imagem do sapo
no qual você se tornou
passou a único desejo possível
nesse desencontro de amor.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
sempre a sonhar
que um dia ao altar
o príncipe encantado
iria me esperar.
O dia chegou
tapete vermelho
igreja florida
a marcha nupcial
por todos foi ouvida.
Papai ao encontro
do par, me levou.
Toda de branco
puro sorrisos trêmulos
diante do padre cheguei
Você lá estava
cincurspecto demais
rigidez cadavérica
olhar assustado
um clima de horror.
A platéia atenta
nada pode entender
do seu não categórico
assustanto meu ser.
A fuga da imagem do sapo
no qual você se tornou
passou a único desejo possível
nesse desencontro de amor.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
A Foto
Quem eu vejo nessa foto não sou eu
uma imagem tirada que a máquina mudou
transformou numa bruxa perfeita
que me persegue na vida.
Nada mais permanente que a própria mudança
alterando o perfil do que pensei ser
do que vejo e não sou
do que não idealizo e sou
Eu? – Não, não sou!
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
uma imagem tirada que a máquina mudou
transformou numa bruxa perfeita
que me persegue na vida.
Nada mais permanente que a própria mudança
alterando o perfil do que pensei ser
do que vejo e não sou
do que não idealizo e sou
Eu? – Não, não sou!
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
Mentira Eu Escuto
Mentira eu escuto
em mentira acredito
senão seria impossível
me relacionar contigo.
em mentira acredito
senão seria impossível
me relacionar contigo.
Fantasias eu vejo
compactuo, admito.
Conveniência existe
para eu ser bem sucedida
na convivência contigo.
Às vezes de ti me enjôo
quero me afastar
e não posso,
para o coração inexiste
verdade ou mentira!
Cocais, outubro/2207
Heloisa Trad
Mentira Eu Digo
Mentira
Só palavras
nascer
crescer
existir
morrer
palavras que dizem
o que pretendo ser
amor
verdade
caminho
palavras, verbos diversos
dentre tantos outros verbos
são somente palavras
que tentam preencher espaços
vazios de mim
saudade
esperança
completude
palavras que apontam
vazios ...
vazios de ti
vazios de Deus
vazios em mim
futuro
ilusão
desilusão
só palavras ...
numa incessante busca
da plenitude
no hoje,
no amanhã,
na eternidade almejada
e não comprovada.
palavras, são só palavras
usadas na busca
do significado da morte
contida na vida!
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
crescer
existir
morrer
palavras que dizem
o que pretendo ser
amor
verdade
caminho
palavras, verbos diversos
dentre tantos outros verbos
são somente palavras
que tentam preencher espaços
vazios de mim
saudade
esperança
completude
palavras que apontam
vazios ...
vazios de ti
vazios de Deus
vazios em mim
futuro
ilusão
desilusão
só palavras ...
numa incessante busca
da plenitude
no hoje,
no amanhã,
na eternidade almejada
e não comprovada.
palavras, são só palavras
usadas na busca
do significado da morte
contida na vida!
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
Tempo
o que é o tempo, tempo, tempo
senão uma quimera do sonhador
que não pode enfrentar o agora?
tempo de fazer
tempo de crescer
tempo de ser
tempo de não-ser
tempo, tempo, tempo
me traga
estraga
amarga o desejo
de voltar
de ficar
de prosseguir
no tempo...
tempo
ser poeta
ser bandido
ser sem ser
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
senão uma quimera do sonhador
que não pode enfrentar o agora?
tempo de fazer
tempo de crescer
tempo de ser
tempo de não-ser
tempo, tempo, tempo
me traga
estraga
amarga o desejo
de voltar
de ficar
de prosseguir
no tempo...
tempo
ser poeta
ser bandido
ser sem ser
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
domingo, 7 de outubro de 2007
Quero a Solidão
Quero minha solidão do outro
momento de minha companhia
momento de minha companhia
em que eu fique com o nada
e mesmo assim me sinta
e mesmo assim me sinta
como se estivesse plena de tudo.
Quero na solidão de Deus
manifestar minha incompreensão
do que ele possa ser
e o direito de sentir medo
do que disso possa advir.
Quero na minha solidão de mim
falar ao vento de todas as angústias
sem nenhum constrangimento
da minha ignorante humanidade
e da ansiosa busca pela divindade.
Quero nesse aprendizado da solidão
ter misericórdia por todos
aceitando a possibilidade do pecado
em mim e/ou no outro
na busca da essência humana.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
Quero na solidão de Deus
manifestar minha incompreensão
do que ele possa ser
e o direito de sentir medo
do que disso possa advir.
Quero na minha solidão de mim
falar ao vento de todas as angústias
sem nenhum constrangimento
da minha ignorante humanidade
e da ansiosa busca pela divindade.
Quero nesse aprendizado da solidão
ter misericórdia por todos
aceitando a possibilidade do pecado
em mim e/ou no outro
na busca da essência humana.
Cocais, outubro/2007
Heloisa Trad
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