Não tenho cenas bizarras para registrar,
Tenho uns poucos animais ao meu redor,
Tenho o céu infinito, as montanhas e as matas já bem depredadas,
E os cursos d’ água ameaçados de acabar.
Tenho ainda o humano insano, a poluição geral,
E o deus-Mercado, poderoso e dominador,
Que aponta comportamentos e caminhos
que me recuso a trilhar e até mesmo a fotografar.
Tiro fotos desse meu mundinho
Querendo compartilhá-las,
Mas essas imagens “banais”
Quase não mais a ninguém encantam
Até se espantam pensando;
- o que será que ela quer mostrar?!
Nada é inédito ou impactante,
Televisivo ou liberador de adrenalina!
As pessoas não se apercebem de que,
Não há dois momentos iguais ou dois olhares idênticos.
Olham mas não veem o entorno, as mil e uma formas, tons e
aromas
de que é constituída a bela e rica Mãe-natureza,
fonte de nossa vida, - hoje, um obsoleto objeto de contemplação.
Não se apercebem dos desejos imanentes de seu próprio ser,
Sempre a correr para novos estímulos que lhe são impostos.
Se pudessem tirar a
atenção das redes sociais,
dos aparelhos eletrônicos viciantes,
das garrafas alcóolicas com seus inebriantes
caminhos de fuga – entre outros mecanismos de defesa -,
que permitem um não se ver, não saber, não ser!
Se pudessem voltar a alegria pueril, infantil,
Encher os pulmões de ar, de prana...
Dançar no seu próprio ritmo... celebrando a vida!
Cocais, fevereiro/2013
Heloisa Trad