domingo, 21 de dezembro de 2008

Morreu


morreu
está morto
sacramentado
enterrado
posto

morreu
quiçá viveu
iludiu
se iludiu
feneceu

quase matou
se matou
enfim morreu
sem deixar saudade
libertou o meu eu

Cocais, dezembro/2008
Heloisa Trad

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Adeus


sem até logo
sem adeus
da minha vida sai
sonho meu

você morreu para mim
depois de uma longa e sofrida agonia
para me desapegar de você
eu pecadora pelo excesso
de querer a você

você está sendo enterrado por mim
que me trai ao desrespeitar
a minha imagem em você
que me trai ao desrespeitar
o seu tratar a sua imagem em mim

poesia dedicada a
quem nasceu
como um presente
de Deus

quem viveu
como um filho
amado meu
sem Deus

quem morreu
como um pequeno tirano
torturador cruel
adeus!

Cocais, dezembro/2008
Heloisa Trad

Livre Enfim


você me feriu
lentamente... mortalmente!
tentei e tentei, desesperadamente,
salvá-lo de si!

chorei, implorei, que não morresse
em mim
na esperança de mante-lo vivo
de curá-lo
de não deixá-lo
sair de mim!

a cada tentativa minha
mais uma estocada sua..
sanidade mais distante
luta inútil, inglória,
você morreu!

um buraco ficou..
que, lentamente, vai se fechando

como a não forma na forma
- estrutura da vida,
que eu sou,
que eu não sou,
além da morte,
além de você -,
esse vinculo cortado,
cicatrizado, é passado...
livre estou outra vez!

Cocais, dezembro/2008
Heloisa Trad

Vazio de mim


vazio... cheio de ondas
ondas, vazio de som e cor
cor... cheio de dor
dor, vazio de promessas
promessas... vazio de amor
amor, vazio de vida
vida... cheio de nada
nada, vazio de mim
Cocais, dezembro/2008
Heloisa Trad

domingo, 7 de dezembro de 2008

Lembre-se de mim


Lembre-se de mim
lembre-se de mim
como quem busca o silencio
respira o mistério
se embriaga com o mar
descansa na campina
almeja os picos altos
desestrutura-se
busca novo equilíbrio
cambaleia, cai, levanta
e de novo surge
em sua busca insana

lembre-se de mim
na calada da noite
no grito mudo
do louco aos pés de Deus
viajando no tempo, no espaço
parada no corpo
voando na mente,
se afogando em lágrimas
no coração humano,
salvando-se de ondas
caindo em poças

lembre-se de mim
sorrindo a toa
feliz com a vida
desejando a morte
querendo união
se isolando sempre
amando o amor
até ficar só a dor
de ser pensante
sem saber por quê
tem medo de elevador

lembre-se de mim
que enquanto viver
vou lembrar de você
em mim....
deixa-me viver
no seu ser
mesmo longe de mim
pelo adormecer
sem fim...
dor de amor
deve ser vivida até o fim!

Cocais, dezembro
Heloisa Trad

Dor é dor


pensar
é dor
sentir
é dor
amor é
dor
dor de amor
é dor
é perder a cor
elevar a dor
no sobe e desce
do elevador

Cocais, dezembro/2008
Heloisa Trad

Não Assino


digo que não assino
se for seu o pedido
eu vacilo, me inclino
pode ser que assino

assassino meu querer
me revolto sem crer
em poder me estabelecer
diante do seu ser

talvez eu assino
sabendo que me traio
e de você me afasto
pra dar conta de mim

Cocais, dezembro/2007
Heloisa Trad

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Entendimento

entender a vida
entender o mundo
tarefa inglória

faz sentido
buscar se conhecer
viver a vida

entendimento
dom da compreensão de si
grande desafio humano

tarefa cotidiana
de inserção na verdade
minha, sua, de cada um

nesse iceberg humano
há muito mais oculto
do que a visível loucura

entenda se puder o que vê
se esforce mais para o que não vê
até nada fazer diferença

Cocais, dezembro/2008
Heloisa Trad