sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Desiludida

Ninguém vê o meu pranto,
mas choro...
Ninguém vê minha tristeza,
mas uma nuvem negra me envolve...
Ninguém vê a minha dor,
mas no silêncio sofro...

Sofro,
pela violência,
pelo individualismo,
pela destrutividade,
do meu semelhante.

Sofro,
pela injustiça,
pelo egoísmo,
pela crueldade,
dos irracionais seres humanos.

Sofro,
pela esperteza,
pelo desamor,
pela maldade,
que assola a humanidade.

Canso-me,
na constatação da minha impotência.
Invade-me,
uma desesperança frente à sociedade.
Nada quero,
não há papel para mim nesse teatro de absurdos.

Sem fé no amor que me movia,
nada sei.
Com minhas certezas destruídas,
nada desejo.
Com meus sonhos descartados,
nada espero.
De desilusão em desilusão,
fecho-me.

De onde vim?
Para onde vou?
São perguntas irrespondíveis.

Elas me moviam,
mas a falta de respostas,
paralisou-me.

Parece que o sentido da vida
é procurar sentido
no sem sentido.

E assim fico andando
em círculos, atrás do meu rabo,
querendo viver,
querendo morrer,
sem sucesso
em qualquer dessas empreitadas.

Cocais, setembro/2009
Heloisa Trad

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Recortes na montanha

Há momentos na vida
Em que o máximo que percebemos
É recortes...
Vemos ao longe seus contornos turvos
perdemos os detalhes,
visualizamos apenas partes
e jamais o todo.
Perdemos as diferentes nuances
e mergulhamos numa indefinida visão.
Nos sentimos perdidos...
Vivendo sem sentido!
Acreditando no não...
No nada... no vazio!

Cocais, Setembro/2009
Heloisa Trad

O tempo

Que são anos?
Que são dias?
Que são horas?
- O tempo vazio!

O calendário passa,
o relógio anda,
eu ando, e como ando,
mas a vivência fica.

Você fica Hybsen.
Nossa vida juntos fica,
no ontem,
no hoje
e quiçá no amanhã.

A saudade fecha a garganta.
Um grito silencia.
Lágrimas secam.
Braços permanecem vazios.

Cocais, 16 de setembro de 2009
Em homenagem ao meu sempre filho Hybsen (16-09- 74 – 04-12-1996)
Heloisa Trad

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sonho

Sonho com um sono sem fim
bem leve, calmo...
De bebê a dormir.
Sono apaziguador...
Sempre almejado por mim!
Deitada tranqüila na relva do jardim,
corpo relaxado,
pensamento silenciado,
fico tão quieta...
que ao me olharem
estarei como morta
tomando lugar em meu ser...
Muito sono eu tenho.
Cansada, vou para cama dormir...
Até de novo ter que os olhos abrir!

Cocais, agosto/2009
Heloisa Trad