sábado, 22 de março de 2014

Deixar rolar


Preciso deixar rolar
Como o leito do rio
Permite as suas águas
Que não são suas
Mas fluem através dele
Da foz para a embocadura
Ora sinuosamente
Ora silenciosamente
Ora placidamente
Ou não.

Liberdade de seguir
Sem palavras
Sem ações externas
Sem julgamentos
Ou opressões.

Preciso me calar
Me acalmar, amar...
E permitir que a vida flua
Para mim,
Para o outro,
Livremente,
No seu ritmo e no seu tempo
com reverência
pela sabedoria intrinsica
da terra, da água, da vida!

Cocais, fev/ 2014
Heloisa Trad 

Início e Fim


Fim
Final
Finalização
De que?
Por que?
Pra que?
Querendo ou não
Tenho que prosseguir...
Ir
Vir
Viver...
Justificar o meu nascer
- Início do fim!

Heloisa Trad

Cocais, março/2014

Não é trabalho, é missão!



O fotografo com seu olhar de poeta
Carrega sua câmera,
Que, como um olho divino,
Olha, vê e registra
As nuvens no céu, a água na terra,
A exuberância do verde e a beleza dos seres
Que habitam o mundo mágico
Povoado pela arca de Noé.

Num instante fotográfico ele registra
Para a eternidade, a efemeridade do viver
Do animal racional e do irracional.
Registra a cauda do esquilo que acaricia o tronco
Da frondosa árvore da vida
E o voo da borboleta num toque de flor em flor
Sob o cantar harmonioso dos pássaros
Anunciando o alvorecer.

Registra o que muitos não podem ver,
Dando oportunidade aos que desejam,
Olhar a natureza pelo seu olhar amoroso,
Conhecer a vida vegetal, a vida animal,
E os inúmeros cantos e encantos da Mãe-Terra,
Desde o uivo do lobo, ao rastejar sinuoso da serpente,
Desde o trotar do cavalo, ao latido do cão
Que persegue o tatu em fuga para sua casa-buraco.

Em pura missão, através de um instante fotográfico
Ele dá oportunidade a todos, de testemunharem
O nascer, ao clicar um povoado novo ninho...
Como dá o de conhecer o morrer
No olhar o abate da onça que vai ornar
O colo de alguma mulher insana
Ou ainda, a derrubada de uma produtiva árvore
Destinada ao fogo ... ao forno de carvão!

Heloisa Trad
Cocais, 14 fev 2014