Somente o poeta fala do indizível. Só o poeta com suas palavras prenhes, num silêncio visado pelas imagens poéticas, é projetado a partir da própria poesia. E isso implica em que ele constitui, nas suas ramificações internas, o silêncio como um outro em direção ao qual está o caminho, está esse 'outro', o projeto - que é o sentido - de uma linguagem articulada que não pode absorvê-lo sem se aniquilar. O silêncio fala! Só o poeta fala desse silêncio que diz o não-dito...
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Sem razão alguma
Sem razão alguma
surge o botão de rosa
que se volta para o sol
e, lentamente, ela desabrocha
mostrando todo o seu esplendor!
Por algum tempo enfeitará o jardim
e, independente do sol iluminá-la ou não,
irá fenecer, morrer, desaparecer...
dela restando somente a lembrança
na mente de quem a apreciou
de quem soube aspirar seu perfume,
tocar na maciez de suas pétalas
e retratar sua cor.
Sei que não sou diferente da rosa.
Nasci sem razão alguma
e vou também fenecer
sem nem mais nem menos um porquê.
Mas, como a linda flor,
ficarei na memória de quem me amou.
Sei que só tenho o agora
mas posso nesse agora celebrar a vida
e por um breve tempo
ser o que sou!
Cocais, setembro/2011
Heloisa Trad
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